tag:blogger.com,1999:blog-23096313786067160472024-02-18T17:54:39.476-08:00Eu escolhi ser livre! Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06691930365421189725noreply@blogger.comBlogger32125tag:blogger.com,1999:blog-2309631378606716047.post-1363077145098943572014-07-03T11:23:00.000-07:002014-07-03T11:23:41.676-07:00A sua sexualidade é realmente sua? Até que ponto a nossa sexualidade é realmente nossa?<br />
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Estou há algum tempo me perguntando sobre isso, principalmente pela esfera heterossexual. Se levarmos em conta a criação que a sociedade dá para nossas crianças, o material didático ao qual elas tem acesso, o senso comum gritando em seus ouvidos, os discursos em programas de TV e tantos outros aspectos que ajudam a formar a mentalidade dos indivíduos, até que ponto é saudável afirmar que somos agentes da nossa própria sexualidade? </div>
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Até que ponto podemos afirmar que sabemos quais são nossos desejos, inclusive os sexuais? É preciso analisar a forma como fomos criadas, os gostos que nos foram impostos, as vontades que falaram que a gente tinha que ter. Os brinquedos, as cores, os modos. O que estava permitido que a gente gostasse e o que nós deveríamos manter distância. Analisar isso é entender que, de diversas formas, foi infiltrado no nosso subconsciente uma forma de relacionamentos que ultrapassa a monogamia e se enrosca por completo na heterossexualidade.<br />
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A sociedade doutrina as meninas a odiarem seus corpos. Competirem entre si para nunca se sentirem completas consigo mesma. Acharem a outra sempre mais bonita e, por isso, uma inimiga que deve ser combatida. E, odiando seu próprio corpo, as meninas reproduzem esse ódio para qualquer corpo que se assemelhe ao seu próprio. O corpo das meninas é uma área restrita, onde elas mesmas não têm acesso. Isso se inicia quando começam a ensinar que a nudez deve ser negada, repreendida. Depois, mandam as meninas tirarem as mãos de seus corpos. Não, as meninas não podem se conhecer. Assim, o ódio ao próprio corpo só aumenta - isso acontece quando não dizemos que é possível amar o próprio corpo. Em contrapartida, meninas convivem com meninos que já exercem certa liberdade sobre o corpo. Logo, quando a sexualidade começa a bater na porta da curiosidade feminina, as mulheres são instruídas - se não coagidas - a não explorarem o próprio corpo, deixando suas dúvidas e vontades sempre em segundo plano. O ensino de sexualidade que a sociedade faz sobre a mulher é que ela deve entregar o corpo à um homem e que ele deve explorar para saciar os desejos dele, nunca os dela.<br />
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A sexualidade feminina, assim como a linguagem feminina, apresenta-se de maneira diferente da sexualidade masculina. Melhor dizendo, a sexualidade feminina não se apresenta. E, não se apresentando, é muito mais fácil que simplesmente seja reproduzido o que lhes foi ensinado. Desta forma, meninas continuam a não se conhecer, a odiar seus corpos, a criar repulsa pelos corpos de outras meninas e a ter suas experiências sexuais com meninos. E pensando nesse ponto: Até onde é realmente uma escolha manter relações heterossexuais pelo decorrer da vida?<br />
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Não dá para subestimar a capacidade de se moldar as vontades. O que a sociedade capitalista patriarcal faz com a mente de nossas meninas, é cruel. É uma lavagem cerebral. Ensinam que as mulheres devem odiar seus corpos para poder vender a elas produtos que não precisariam se soubesse que são lindas. Doutrinam as mulheres à manter distância de outras mulheres - e por não conhecer o próprio corpo, as mulheres se afastam do corpo de outras mulheres. Vamos lá, aposto que você já escutou, de alguma mulher, que ela "sabe lidar melhor" com homens. Com o corpo masculino. No sexo, as mulheres são doutrinadas a trabalhar com o gozo masculino, não com o próprio. A sociedade reproduz sem o menos pudor o conceito de que mulheres são inferiores, frágeis e que precisam de um homem para serem completas. E quem, depois de escutar durante anos que é incompleta, não quer se completar? As mentiras que são ditas e introduzidas fundo na massa cinzenta do nosso cérebro interferem diretamente nos nossos desejos.<br />
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Quando ensinamos meninas e mulheres a odiarem seus corpos, ensinamos a elas que é preciso ter nojo e manter distância de qualquer corpo que se assemelhe ao dela. Assim, ao invés de ensinarmos às meninas que é possível amar, gostar e proteger outras meninas, enfiamos no subconsciente delas que é saudável e aceitável que se crie um campo de batalha para agradar o público masculino que não está preocupado com a liberdade sexual feminina. A sociedade segue dizendo para as meninas não se tocarem, enquanto estimula a masturbação masculina. O patriarcado segue afirmando que mulheres só se completam com homens, causando dessa forma uma lesbofobia tão compulsória quanto a heterossexualidade.<br />
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Questionando a heterossexualidade compulsória e suas consequências prejudiciais na vida das mulheres, é impossível não questionar o papel do feminismo quanto a liberdade sexual das mulheres. Talvez o discurso esteja posto de maneira errada, de forma a reproduzir essa heterossexualidade ainda mais compulsoriamente. Estamos ensinando às mulheres a transar com vários homens, manter relações afetivas e sexuais com vários homens, mas pouco estamos pensando em mostrar para essas mulheres que essa sexualidade e esse "tesão" nos homens foi imposto. Que, talvez, se sentir atraída por homens não seja uma decisão livre de interferências. Que, talvez, gostar de mulheres seja algo que você já quis, mas que foi brutalmente arrancado de sua mente por uma sociedade doentia, patriarcal, capitalista e falocêntrica. Entendo, então, que para além de ensinar às mulheres a carregar camisinha na bolsa para poder transar com qualquer desconhecido na rua, é preciso mostrá-las os perigos e os cuidados que são precisos nas relações heterossexuais - repletas de relação de poder. Transar com vários homens diferentes não é, necessariamente, exercer liberdade sobre o corpo. Não escutar comentários te chamando de "vadia" por estar transando com vários homens não significa que a sociedade avançou no debate e está mais disposta a aceitar a sexualidade feminina. A sexualidade feminina, libertária, quando é voltada para um prazer também masculino, não será tão questionada assim. A moral vai questionar a mulher, mas os homens ainda vão se deitar com essas mulheres liberais.<br />
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Por isso se critica tanto as mulheres que, depois de conhecer o feminismo, resolveram não se relacionar mais com homens. Por que a liberdade sexual feminina não é tão bem vista quando envolve excluir homens das relações sexuais/amorosas. Só que "liberdade" sexual é sobre não ter correntes te prendendo a um tipo fixo de prazer sexual e contentamento amoroso. E eu acho que o feminismo já fez um bom trabalho ensinando às mulheres que elas podem se relacionar com quantas pessoas quiserem. Está na hora de explicar que essas "pessoas" também podem ser outras mulheres, que não devemos odiar nossos corpos, que podemos ter uma vida sexual ampla e completa nos relacionando só com mulheres, que existe jogo de poder em relações com homens (mesmo que ele seja o mais "pró-feminista" possível).<br />
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É preciso proteger nossas meninas, que são torturadas por essa sociedade que prega o ódio às mulheres. E, se a sociedade não ama as mulheres, está na hora das mulheres se amarem.<br />
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Amor lésbico está permitido sim!<br />
E em grande escala. </div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06691930365421189725noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2309631378606716047.post-66148961312527337182014-05-28T17:43:00.001-07:002014-05-28T17:43:35.483-07:00Sororidade pode ser uma estrada vaziaAcho que tá na hora da gente viver no presente. E com os pés no chão, trabalhando na distância que nossas pernas podem chegar, tomando nosso espaço e criando a nossa voz. Todas juntas. Acredito que seja um pouco com esse pensamento, que todas nós em algum momento clamamos por sororidade. Quando aprendi esse termo, aprendi na prática. Foi assim que conheci o feminismo e agradeço todos os dias por já ter visto isso dar certo. Isso funciona, meninas! A gente pode fazer isso funcionar no espaço amplo, é só a gente conseguir começar a se questionar.<br />
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O que eu entendo como sororidade é que todas as mulheres são minhas irmãs. Todas as mulheres são uma parte de mim. Eu sou toda mulher estuprada, violentada, assassinada, queimada. Eu sou toda mulher que foi silenciada por um homem, que teve sua identidade de gênero negada, que teve que se submeter a um aborto clandestino. E eu sou toda essa mulher, não por compreender todas as agressões que elas sofreram, mas por entender que eu só serei verdadeiramente livre quando ela também for.<br />
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Eu sempre tive medo de discursos bonitinhos e ensaiados. No começo, eu realmente achava que a sororidade era isso. Mas ela não é tão altruísta assim e, por isso, fui percebendo que ela, além de muito necessária, é capaz de ser posta a prova. Só que pra isso a gente tem que desconstruir algumas (muitas) coisas diariamente. Algumas delas eu tô começando a perceber agora. Por exemplo: Todas nós temos que entender mulheres trans e mulheres cis como igualmente mulheres e igualmente irmãs. Temos que entender com o máximo de urgência que homens são corporativistas. Homens se defendem. Homens foram ensinados a serem amigos, desde pequenos, enquanto à nós sempre coube a competição por aceitação masculina. Entendendo isso, a gente tem que se unir. De verdade. De coração. Entender que a agressão que outra mulher sofreu, e eu não, também me agride e me mata diariamente. Entender que o choro da outra irmã deve ser escutado e o grito deve ser apoiado. Só que, em momentos como esse, não acho que estamos nem unidas, quem dirá prontas para nos separarmos.<br />
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Depois de "TW: ciclo menstrual" e "blacklist" (que começa errado pelo nome) com radicais transfóbicas, depois de misoginia para se defender de transfobia e transfobia pra se defender de misoginia, eu volto a falar de sororidade. Por que todas estamos clamando por isso, então vamos arrumar um jeito de realmente nos unirmos? E isso não quer dizer que vamos concordar em tudo e que vamos entrar nos mesmos coletivos, ter a mesma formação política, frequentar todas os mesmos lugares ou sermos todas amigas. Mas vamos começar a tentar ter compaixão pela outra mulher e entender que ela é sua irmã. E entender que quando estamos unidas, quando aceitamos nossas diferenças ideológicas em prol de defender as mulheres do patriarcado, estamos nos fortalecendo e nos protegendo. E mais importante: estamos nos salvando juntas.<br />
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É muito fácil transar sororidade com amiga, com companheira de partido, com a menina que mora com você. É muito fácil transar sororidade com aquela menina que em momento nenhum se colocou em uma posição contrária a sua. E mais: é muito mais fácil ter sororidade com quem tem sororidade com você. Mas eu não vou esperar isso ser uma estrada de mão dupla, por que eu sinto uma urgência muito grande na união das mulheres. Eu tô pedindo socorro e eu quero que mulheres me apoiem.<br />
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Eu não estou dizendo que devemos passar por cima de opressões em prol do "ser mulher". Toda opressão deve ser repudiada e devemos combater isso no nosso cotidiano. Entretanto, acredito que nós, mulheres, que fazemos o debate feminista, devemos começar a desconstruir as hierarquias que existem ENTRE NÓS. E são vistas diariamente. E quando eu digo que toda mulher é minha irmã, é que eu vou defender toda mulher que sofrer uma agressão. Eu posso não amar essa mulher, posso não ser amiga dela, ela pode já ter me agredido diversas vezes, mas eu sempre vou entender que a opressão que ela sofre também pode me atingir - se já não me atingiu.<br />
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Só peço que, ou parem de usar da sororidade seletiva, ou entendam que a sororidade é difícil e um caminho muito longo ainda para a gente seguir. Mas eu vou me esforçar em seguir e queria muito companhia feminina.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06691930365421189725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2309631378606716047.post-86457842771843220112014-02-23T13:26:00.001-08:002014-02-23T13:26:08.932-08:00Sobre amor livre. <span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Eu não nasci pra sofrer.</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Nem você.</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">E no meio das relações de posse</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Larguei mão da propriedade privada.</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Mas não do amor</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">No meio da posse...</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Abri mão. </span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">De você. </span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Nunca mais de mim.</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Larguei as correntes.</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #37404e; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;"><br />Soltei as amarras.<br />Minhas.<br />Suas.<br />Nossas.<br />Não quero que ninguém seja meu.<br />Nem meu namorado,<br />Nem meu amante.<br />Não serei nunca mais posse de...<br />Alguém?<br />Mas quero alguém aqui.<br />Que fique.<br />Sem contrato social<br />Sem anel de compromisso<br />Sem coleira.<br />Eu quero alguém.<br />Alguém que vá.<br />Embora.<br />Por uma semana<br />Dois meses<br />Vinte e cinco anos.<br />Alguém que não me jure eterno<br />Mas me sinta amor<br />Me beije amor<br />Me ame amor<br />Alguém que não seja único<br />Nem insubstituível.<br />Quero amar todos os dias<br />A mesma pessoa<br />As mesmas pessoas<br />Outras pessoas<br />Quero amores para sentir<br />Sem precisar gritar ao mundo<br />Mas que eu possa gritar ao mundo<br /><br />Eu quero alguém que entenda<br />Com o máximo de urgência<br />Que amor livre<br />É sobre<br />Amar.</span>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06691930365421189725noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2309631378606716047.post-91058107839952568952014-02-09T08:49:00.000-08:002014-02-09T12:09:05.786-08:00A missão vai ser cumprida... vou cortar sua pica! <div style="text-align: justify;">
Essa semana, no dia 6 de Fevereiro, foi o dia internacional da intolerância à mutilação genital feminina. </div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgX-ml-3mLQnDIJBWMkztwHdi_dNzd5EoJgAvtJD4KnowH6mkrVR0CzMj8SzIEFN9FutnIyX5R7zkdQVkTde36JvmQIeiXWw7NocK1pooViAwanGlUw8fki0avir7E94hzyaVGHZ4mtBiF/s1600/1505451_683108445066021_321640172_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgX-ml-3mLQnDIJBWMkztwHdi_dNzd5EoJgAvtJD4KnowH6mkrVR0CzMj8SzIEFN9FutnIyX5R7zkdQVkTde36JvmQIeiXWw7NocK1pooViAwanGlUw8fki0avir7E94hzyaVGHZ4mtBiF/s1600/1505451_683108445066021_321640172_n.jpg" height="262" width="400" /></a></div>
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<i>(Lara Luccas)</i></div>
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Uma das coisas que mais escutei - e ainda estou escutando - é que "não se deve mexer na cultura alheia", com o objetivo de silenciar mais ainda esse tipo de agressão. Ao meu ver, matar mulheres, tornar seu sexo e parto extremamente dolorosos, retirar delas o prazer, arrancar seu clitóris sem anestesia quando ainda são crianças NÃO é cultura, é opressão! É uma chacina de gênero. </div>
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Em contrapartida, essas mesmas pessoas que apossam-se da desculpa cultural para fechar os olhos mais ainda para todo o sangue que escorre, apropriam-se da cultura negra, indígena e oriental para satisfazer seus fetiches nojentos. Acham-se no direito de desconstruir a cultura alheia para se encaixar melhor na sua visão preconceituosa de mundo, a não ser quando tem mulher morrendo. Nesse caso, pedem que silenciem. Parem de gritar, mulheres! Não, não toquem aí, é patrimônio cultural de outra região, você não pode se intrometer. Só que enquanto tiver mulher morrendo por conta de uma tradição patriarcal e machista, eu não vou me calar - e nem você deveria. </div>
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A indiferença das pessoas é gritante. É um "vamos deixar para lá, ninguém mais faz essas coisas" sendo gritado numa realidade muito diferente, onde isso ocorre todos os dias em várias partes do mundo. São mulheres morrendo, são mulheres sangrando, são mulheres gritando de dor. E ninguém se solidariza com elas. Ninguém seca as lágrimas delas. Ninguém explica para elas que aquilo ali não é obrigatório, não é lei, não é certo - é uma opressão diária que elas sofrem. Mulheres que são induzidas à levar suas próprias filhas para sofrerem o que elas sofreram, mas sem dúvidas por que não conhecem outra realidade ou outra possibilidade se não aquela. Pra quem só conhece a dor, o que é anestesia? </div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfjgi6tuDvI_mCyZ7MrEa6kGaFtJiiMMwvjvReYTQxlINQvEJAMA4xAYsDI9h6XX7otsEVqNcp5x-HjiU2L5ZqY8QBOlYQnIDZSBkXx6M9e00CuGxtbMR2lBTxe8Y76-aX97KVnUhBBUrE/s1600/1+a+1+a+a+a+a+pagu+fazer+revolucao.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfjgi6tuDvI_mCyZ7MrEa6kGaFtJiiMMwvjvReYTQxlINQvEJAMA4xAYsDI9h6XX7otsEVqNcp5x-HjiU2L5ZqY8QBOlYQnIDZSBkXx6M9e00CuGxtbMR2lBTxe8Y76-aX97KVnUhBBUrE/s1600/1+a+1+a+a+a+a+pagu+fazer+revolucao.png" height="240" width="400" /></a></div>
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<i>(PaguFunk)</i></div>
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Eu ainda lembro quando a Lidiane (integrante do PaguFunk) veio me contar, toda sorridente, que estava participando de um coletivo feminista de funk. Na Baixada. Na periferia. Onde ninguém nunca aceitou que ali morava um banquete de cultura. Ela pediu pra eu escrever um funk feminista e depois ir gravar com o PaguFunk (eu sei Lidi, ainda estou te devendo esse funk!). Eu nunca vou ser capaz de esquecer a empolgação e felicidade dessa minha irmã de alma. De militância. De luta. De Baixada Fluminense. </div>
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O PaguFunk é uma mistura necessária. Era algo que a militância feminista carecia. Sair um pouco dos muros das universidades, sair das peles brancas e da voz mansa. Era preciso mostrar para o Rio de Janeiro, para o Brasil e para o mundo a riqueza e a resistência da favela. Então o PaguFunk foi ganhando espaço, gritando por espaço, lutando por espaço. Foi deixando claro que não estava ali para pedir permissão de ninguém. A favela existe: e ela grita! A mulher existe: e ela canta! A revolução existe: e é uma mulher negra e pobre cantando funk!</div>
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Comecei a ler muitos comentários sobre a PaguFunk. Comentários não muito legais. Comentários misóginos. Comentários de ódio. Comecei a ver ameaças às minhas irmãs. Afinal, onde já se viu mulher pobre falar? Onde já se viu mulher pobre gritar? Onde já se viu mulher pobre ameaçar? E elas ameaçam. Se não com o facão pendurado na cintura, se não com um falo para "corrigir" aqueles que fogem dos padrões, com uma garganta que grita. Elas ameaçam quando estão prontas para o combate (keep calm...). Elas ameaçam quando trazem a favela para o asfalto, quando fazem a negritude descer no passinho. Quando questionam os papéis sociais de cada gênero (e questionam a normatividade de apenas dois gêneros), elas ameaçam. Elas ameaçam quando começam a cantar. Elas ameaçam por que a missão vai ser cumprida. Elas ameaçam por que o mundo, no fundo, sabe a força da mulher - e morre de medo pelo dia que elas descobrirem sua própria força. </div>
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Um dia a Lidi me disse "o que me acalma é que, se estão me perseguindo, é por que eu estou no caminho certo". Isso nunca fez tanto sentido. As meninas estão cantando que vão cortar picas! Cortar fora, não deixar nem as bolas para contar história. Arrancar. A sangue frio. Sem anestesia. Cortar com requinte de crueldade, sem doçura, sem carinho. Cortar com a força que só uma mulher oprimida consegue ter. Cortar com a força que só uma guerreira consegue. Cortar por que sabe como dói, por que sentiu a dor durante toda uma vida. Cortar não como vingança, mas como resposta. Como destino. Há quem diga que elas só querem se vingar, eu discordo. Isso é autopreservação. Isso é resistência. Isso é sobrevivência. </div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCrt70bbIJfyHZZu9TGAkCsWKJH8WaosUK5kv8NGaFJbs2j5j8l92Zo2iTC-N9xI-LqCmJXr0B0T8ekCj9Z-0W6b-ACyKLYO4UIKfB4nsj8hz4QOj4DtL5QV9vkDGADFS892KJAAOqlK6p/s1600/1+a+1+a+a+a+a+pagu+cortar+pica.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCrt70bbIJfyHZZu9TGAkCsWKJH8WaosUK5kv8NGaFJbs2j5j8l92Zo2iTC-N9xI-LqCmJXr0B0T8ekCj9Z-0W6b-ACyKLYO4UIKfB4nsj8hz4QOj4DtL5QV9vkDGADFS892KJAAOqlK6p/s1600/1+a+1+a+a+a+a+pagu+cortar+pica.png" height="222" width="400" /></a></div>
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<i>(PaguFunk)</i></div>
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"Se chegar lá na favela com esse papo de machista" / "Se ficar se aproveitando da boceta de novinha" / "É militante de esquerda e bate na companheira?" / "É reacionário e fecha com o Bolsonaro?" Esse são os homens que terão suas picas cortadas. Se você não é molestador, não é estuprador... por que está tão incomodado? Consigo ver dois motivos. Um deles é o mais claro: No gozo masculino ninguém toca. Ninguém impede um homem de gozar, ninguém tira dele o prazer. No homem ninguém mexe, a pica ninguém corta. O outro é ainda mais preocupante: Ninguém está querendo defender estuprador. Ninguém quer defender estuprador. Os homens querem defender seu próprio pau. Quando um homem fala que "aquilo ali não foi estupro, ela bebeu por que quis" é por que ele ou já se aproveitou de alguma mulher bêbado ou sabe que se tivesse oportunidade, se aproveitaria. Quando ele fala que "não é estupro, eles são casados" é por que ele já estuprou sua companheira diversas vezes. Quando ele justifica um abuso colocando a culpa na vítima, é por que ele mesmo não quer receber o fardo de "estuprador". </div>
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Enquanto as mulheres estão lutando calmamente, de voz baixa e sempre um passo atrás do homem, ninguém vai se importar. Ninguém vai xingá-las. Elas incomodam e são perseguidas quando começam a se comportar de uma maneira mais subversiva. Quando uma mulher aprende a falar por si, todos os homens sentem medo. </div>
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<br /></div>
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É preciso entender, também, que querer moldar as falas da favela num molde academicista e elitista é um apropriamento. O asfalto não pode - e não deve - se apropriar das falas da favela como se entendesse a vivência da realidade do pobre, do negro. Não entende. Não pode diminuir ou chamar as meninas de exageradas por que elas gritam que vão cortar picas. </div>
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<br /></div>
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O "vou cortar sua pica" tem duas grandes referências na minha cabeça. Uma é a que eu falei no início do texto: A mutilação genital feminina. Outra, talvez a Lidi me entenda, são "<a href="http://www.youtube.com/watch?v=49pUMIPABBY" target="_blank">As Justiceiras do Capivari</a>". </div>
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<br /></div>
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A mutilação genital feminina é uma realidade cruel. É uma tortura diária. E sobre isso só escuto o silêncio, o barulho dos grilos ou, no máximo, um pedido para deixar esse assunto para depois. Por que é cultural (aí sim é cultural) dessa sociedade machista e patriarcal ensinar que o prazer não cabe à mulher. </div>
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<br /></div>
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Só que os homens... bem, os homens só estão preocupados com as funkeiras que vão cortar as picas dos estupradores, molestadores, reacionários, agressores! </div>
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Que cortemos todas as picas, então.</div>
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(Todo o meu apoio, amor e sororidade às meninas do PaguFunk que estão sofrendo perseguições, ameaças e chuva de ódio.) </div>
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"Vem mulher com a mão pro alto pra fazer revolução" </div>
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Machistas não passarão...</div>
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E a gente vai no passinho. </div>
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<b><i><u>Carta Aberta do Coletivo PaguFunk: </u></i></b></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">"PaguFunk é um coletivo autônomo e apartidário de mulheres funkeiras que transmite através da cultura funk uma mensagem feminista, sobre nosso cotidiano e das nossas irmãs das/nas favelas e periferias. O </span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">nome é uma referência à militante política de esquerda e artista da década de 20, Patrícia Galvão, conhecida como Pagu. A opção pelo funk vem como afirmação de uma cultura popular , que historicamente é marginalizada e deturpada pelas classes dominantes em sua ânsia capitalista de se apropriar e/ou diminuir tudo o que vem da favela.<br />As rimas da PaguFunk nasce em um território onde a cada 5 horas é registrado¹ um caso de estupro. Na região onde apresenta os maiores índices² de homicídios contra jovens do estado do RJ. Onde matam uma trans* por dia³.<br />É nesta conjuntura que mulheres optaram fazer versos e compartilhar suas vivências, como forma de transformar o cotidiano, onde é nulo o incentivo a produção e até mesmo do consumo não comercial dos aparelhos culturais e de entretenimento.<br />Buscamos incentivar o empoderamento e autonomia através de uma postura do "Faça Você Mesma", através de saraus, cantando nas praças e organizando oficinas musicais e de gravação, em bibliotecas comunitárias feministas e populares. Repudiamos o viés colonizador, com o qual muitos grupos de fora agem nestes locais, só os usando como objetos de pesquisa ou "circo exótico". Temos profundo respeito pela cultura local e pelos saberes individuais e são essas pessoas que influenciam diretamente nosso modo de ação. Ação esta que tem como sonho e meta transformar a realidade local desesperadora que vivenciamos diretamente nas ruas, becos, nos dias de alagamento, nas filas dos hospitais, na violência policial, nos ônibus lotados que somos obrigadas a pegar quando vamos trabalhar, principalmente, no que tange a classe proletária, negrxs, mulheres e trans*.<br />Nesta caminhada pela militância política já cantamos desde encontros estaduais de mulheres até em calçadão de bairro. E entre esses convites surgiu a oportunidade de participarmos da Residência Artística Libertária Feminista (REAL), onde foi gravado um vídeo que vem sofrendo vários ataques machistas e misóginos por parte de reacionários na internet.<br />Este texto surge como meio de reflexão sobre algumas respostas negativas que este vídeo teve. Agradecemos também todas as companheiras, amigas, ativistas e militantes, pelas palavras de apoio, carinho, identificação e afinidade. O texto está cheio de chavões, frases já debatidas quase a exaustão dentro dos movimentos feministas e de mulheres, mas não conseguimos escapar disto, pois aparentemente ainda há pessoas que não entenderam, uma vez que a maioria das respostas negativas que tivemos, é baseada dentro do senso comum machista e a gama de misoginia e ódio que ele desperta. Não nos interessa, entretanto, debater ou conversar com estas pessoas, eles já escolheram um lado, já tem uma posição, um modo de atuação que é totalmente antagônico ao nosso, somos inimigas destes homens machistas e misóginos.<br /><br />Então, mais uma vez, machismo e feminismo não são as mesmas coisas, o primeiro é derivado direto da estrutura patriarcal com que foi moldado o nosso processo civilizatório, nossa cultura e o reflexo disto em hábitos e costumes que levam a opressão, espancamento, morte, escárnio, estupro, depreciação e não aceitação de tudo aquilo que foge aos padrões masculinos e heteronormativos. Já o feminismo é uma resposta a isto, um meio legitimo de auto defesa de um grupo historicamente oprimido. Não somos nós mulheres, lésbicas, degeneradas, trans*, homos, que saímos em gangues espancando, estuprando e torturando pessoas dissidentes do padrão patriarcal. Isto quem faz são eles, que impregnam o mundo com uma cultura de ódio que só beneficia uma ínfima parcela da população, enquanto a maioria é incentivada pela ideologia machista a duelar entre si.<br />Para quem ainda não ouviu a música, ela fala de uns tipos bem específicos de homens, fala dos pedófilos, dos agressores, dos reacionários... Uma vez, ao cantarmos esta música em uma praça e sermos abordadas e questionadas por um homem sobre ela, nossa resposta foi "Se você não é pedófilo, nem agressor, nem machista, não tem nada a temer". Acho que esta resposta continua sendo válida. No entanto a nossa avaliação deste episódio é positiva, sabemos que nenhum grupo oprimido conseguiu o fim desta opressão de uma forma pacífica, foram necessárias revoltas, revoluções políticas, econômicas e culturais. Nos cabe aqui incentivar a outras mulheres que façam o mesmo, gravem vídeos, músicas, escrevam textos, saiam às ruas, se mostrem, vivam, respirem, amem outras mulheres, formem coletivos, produzam diversas formas de arte. Assim como ninguém é machista sozinho, afinal é necessária toda uma estrutura social que respalde isto, ninguém é feminista sozinha, é necessário respaldarmos e apoiarmos umas as outras. Os machistas odeiam estas coisas, perdem o espaço, eles estão acostumados com uma sociedade voltada aos interesses deles, quando mostramos outra, eles piram e perdem. Sabemos que estas respostas que o vídeo teve, significa perda de espaço que eles tiveram, por isto, continuaremos a fazer mais e mais. Ecoaremos nossas vozes nas ruas, nos protestos, nas marchas, nas manifestações, nas escolas, bibliotecas comunitárias incentivando uma educação popular feminista "por nós, pelas outras, por mim”.<br /><br />¹ Dados do Dossiê Mulher 2013<a href="http://arquivos.proderj.rj.gov.br/isp_imagens/Uploads/DossieMulher2013.pdf" rel="nofollow nofollow" style="color: #3b5998; cursor: pointer; text-decoration: none;" target="_blank">http://arquivos.proderj.rj.gov.br/isp_imagens/Uploads/DossieMulher2013.pdf</a><br />² Mapa da Violência 2013<br /><a href="http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2013/mapa2013_homicidios_juventude.pdf" rel="nofollow nofollow" style="color: #3b5998; cursor: pointer; text-decoration: none;" target="_blank">http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2013/mapa2013_homicidios_juventude.pdf</a><br />³Dados do Centro de Referência LGBT, órgão da Centro de Referência LGBT, órgão da Superintendência de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos da Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos.</span></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06691930365421189725noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2309631378606716047.post-18890409977348436172014-01-30T09:59:00.000-08:002014-01-30T10:10:18.016-08:00Separaram o mundo em doisTudo começou quando eu nasci. Na verdade, acho que posso ir além - tudo começou quando minha mãe descobriu que eu era Maria Clara (e não Sebastião). Ganhei roupas rosas herdadas de uma prima um ano mais velha. Ganhei roupas novas em diversos tons de rosa, vermelho, laranja.<br />
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Na infância isso continuou. Ganhei coleção de bonecas, ferro de passar de brinquedo, máquina de lavar de brinquedo, uma cozinha inteira mobiliada de brinquedo! Foi designado para mim a delicadeza - mesmo que eu nunca tenha sido um exemplo de delicadeza. A mim foi depositado os mandamentos de calmaria e tranquilidade. Na escola, eu deveria ficar na fila da direita. Cheguei a ser repreendida por "não me sentar como deveria"... não tinha os "modos adequados de uma menina". Nas aulas de educação física, meninas jogavam queimado e meninos jogavam futebol. Quando o colégio começou a oferecer aulas extra depois do horário, eu queria fazer judô - mas me impediram, designaram para mim o ballet. Larguei duas semanas depois. Os meninos fazem judô, as meninas ballet. E viva o rosa naquelas intermináveis aulas de ballet! </div>
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Quando estava na quarta série do ensino fundamental - quinto ano hoje em dia -, isso se afirmou pra mim de maneira bruta: Uma menina jogando Yugi-oh? E vencendo um menino mais velho que ela? Cheguei em casa com o olho roxo. Não era coisa de menina e aquela ação foi justificada para meus amigos como "uma forma de vocês aprenderem a não deixar mulher se meter onde não deve". Escutei muitas vezes que eu era lésbica, sapatão, não-vou-entrar-com-você-no-banheiro-pq-vc-gosta-de-mulheres. E mulher gostar de mulher? Não pode! E naquela época, eu gostava de mulheres da mesma forma que gostava de homens: com o carinho e a inocência de uma criança. </div>
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Na segunda parte do Ensino Fundamental (6ª até 8ª série) as coisas não melhoraram muito. Eu não podia sair da escola sozinha, sem supervisão, por que me consideravam incapaz de atravessar uma rua sozinha. E eu, que primeiro fui criticada por gostar de mulheres, depois fui ensinada a não gostar de mulheres, sempre tive mais amigos homens que podiam tranquilamente passar dos limites da escola. Por que ali era assim: Direitos e deveres completamente diferentes dependendo do seu gênero. Uma escola cristã, regida por freiras, que mostravam para nós o que era o mundo real - embora eu tenha demorado muito tempo para ter tal compreensão. Lá eu aprendi o mundo real ao qual estava inserida, embora tenha ficado anos trancada dentro daqueles muros altos. Era um mundo dividido ao meio. Aos homens e às mulheres: deveres e direitos completamente diferentes (e completamente desiguais). Achei durante muito tempo que aquela escola não me preparou para o Ensino Médio ou para o mundo. Agora percebo que ela somente reproduziu tudo o que o mundo continuou a fazer comigo. </div>
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Durante esse tempo, onde saí da infância e entrei na adolescência, tudo se tratava do gênero. Primeiro me falaram, lá na minha infância, que eu não podia me envolver com mulheres. Me "xingavam" de sapatão, lésbica, caminhoneira. Me acusavam de estar querendo invadir o espaço masculino. Entendi que eu tinha que gostar -eca!- de homens! Então me falaram para não confiar em homens - eles são homens, afinal! Se me assediarem, estão cumprindo seu papel social. Se me seguirem, foi por que eu dei brecha. Se me difamarem, foi por que eu dei motivos. Se me baterem, foi por que eu os provoquei. Tudo dividido em dois lados e se nos homens eu não podia confiar, igualmente não podia confiar nas mulheres. Por que colocaram todas elas contra mim. Por que falaram que eu tinha que ser contra elas. Tudo era questão de beleza, de poder, de sedução. Eu tinha que ser a mais bonita. Eu tinha que ser a mais legal. Ensinaram-me que com mulher a amizade é na base da falsidade - por que colocaram todas as mulheres umas contra as outras. </div>
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Era tudo sobre o gênero - e acabava que eu não podia ter ninguém com quem contar. Se era homem, tinha uma relação de poder clara sobre mim. Se era mulher, nunca poderia manter uma relação saudável e sincera comigo, pois precisávamos sempre estar em um campo de batalha onde somos adversárias. </div>
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As segregações continuaram: Aos homens cabiam as amizades, às mulheres a superficialidade. Aos homens os trabalhos altamente reconhecidos e aplaudidos, às mulheres os trabalhos manuais. Aos homens o poder aquisitivo, às mulheres a fama de "consumistas". Aos homens o poder do orgasmo, às mulheres a questão da vergonha. Aos homens a liberdade, às mulheres suas próprias prisões. Aos homens um respeito infinito, às mulheres uma clama por "se dê ao respeito". Aos homens todos os lugares, às mulheres a beira do fogão. Aos homens toda a glória, às mulheres toda a desonra. </div>
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Hoje, depois de entrar no movimento feminista e entender todos os contextos que me incluíram até então, resolvi abraçar todas as mulheres que queriam que eu batesse. Abraçar todas e tratar cada mulher como uma irmã de alma e de luta. Ensinaram-me o significado de "sororidade" e escolhi por carregá-lo pela vida. Entendi que eu posso ser eu, independente do meu gênero, mas igualmente aprendi que meu gênero faz parte de mim - e o que me construiu foi, em parte, todas as segregações que sofri e todas as opressões que superei e supero diariamente. Aceitei isso como uma luta - uma luta plural e feminina! </div>
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Sim! Feminina! </div>
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Aprendi a amar mulheres - olha que ironia! Voltei a amar mulheres! Aprendi a entender a dor da outra - afinal, se não me atingiu ainda, com certeza me atingirá um dia. Entendi a violência de gênero que se encontra nessa segregação constante. Dividiram o mundo em dois! </div>
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Quando eu cheguei nesse mundo, em Janeiro de 1994, o mundo já estava há séculos divido em dois. Hoje eu apoio uma parte do movimento feminista que se apropria dessa segregação para quebrá-la de dentro para fora. Isso se chama ESPAÇOS EXCLUSIVOS. Eu o defendo no feminismo, no movimento negro, no movimento trans, no movimento LGBT. Eu defendo espaços exclusivos para todos que fomos segregados e oprimidos. </div>
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Se apropriar da segregação, entretanto, NÃO É SEGREGAR! É preciso entender essa diferença. Se estamos à parte da sociedade, se estamos separados e à margem, nos unimos! Nos unimos, nos ajudamos, nos organizamos e lutamos! </div>
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Eu escolhi a posição política de não considerar nenhum homem cis feminista. Isso não quer dizer que eu não acredite que homens podem somar em debates ou que homens não devem apoiar a luta feminista. Acredito que ser a favor da igualdade e liberdade de gêneros é um papel fundamental de todos nós. Só que eu não vou aplaudir homem que desce do seu privilégio e o entende. Eu não vou jogar confete em cima de homem que fala que compreende a luta da mulher. E principalmente: Eu não vou comemorar por que um homem falou pelas mulheres. A minha luta é por mulheres que falem por si.<br />
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Aos homens foi ensinado a união, </div>
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as mulheres tiveram que aprender isso sozinhas. </div>
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Isso não é "machismo ao contrário", </div>
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é sobrevivência! </div>
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(Texto para todos os homens que ficam cheios de male tears e apontam o dedo para feministas, acusando-as injustamente, quando as mesmas resolvem não participar de coletivos mistos. Quando mulheres resolvem lutar ao lado de mulheres, não é por que odiamos todos os homens individualmente, mas por que lutamos contra uma imagem social construída de que "ser homem" é ser o ponto mais alto da sociedade. Se mulheres só se sentem seguras conversando com mulheres é por que essas já sofreram agressões demais partindo de homens! Homens que estão dispostos a entender seu privilégio e ajudar na desconstrução desse privilégio, são super bem vindos na luta. Mas entendam, com o máximo de urgência: Auto organização das mulheres É FUNDAMENTAL! A voz e o ponderamento cabe à elas) </div>
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Ps: Durante todo o texto tratei como se só fosse possível haver dois tipos de gênero - e todos de maneira cis. Sei o quanto isso é errado e prejudicial, entretanto quis retratar a visão de mundo que me foi passada antes de eu conhecer as lutas de gênero e sexualidade. Minha luta feminista só é completa se abranger às mulheres trans igualmente como irmãs e lutar por elas e com elas - dando-lhes voz e deixando que gritem por seus direitos. O homem que tanto critico nesse texto é o homem cis, que não sofre com as opressões diárias do machismo e acha que pode pautar o que é ou não uma agressão de gênero. </div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06691930365421189725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2309631378606716047.post-9707759112073587212014-01-09T12:14:00.001-08:002014-01-09T12:21:36.223-08:00Onde está a mulher? (Da ditadura até os dias atuais) <div style="text-align: justify;">
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<span style="white-space: pre-wrap;"><b>Duas faces cobertas da história do Brasil: A ditadura e a mulher</b></span><br />
<span style="white-space: pre-wrap;">Em tempos onde a Comissão da Verdade é presente, é fundamental entender qual a memória que a Ditadura Militar Brasileira deixou. Em primeiro plano, vale ressaltar o simbolismo que existe em não se referir à essa época tão rasamente como um regime militar. É preciso dar visibilidade até para o sangue que marca essa época. É preciso dar ênfase à ditadura - e entendê-la como tal. Um governo que escondeu durante muito tempo, pois é fácil não querer ver, uma realidade de torturas, assassinatos e repressão através de um avanço econômico e uma copa do mundo. Nesse texto não pretendo falar amplamente sobre os aspectos gerais da ditadura, entretanto. Levando em consideração que esta ainda é uma época sombria da história do Brasil, quero dar visibilidade à outra questão que é igualmente “deixada para depois”. Enquanto tentaram por tantos anos deixar as marcas da ditadura no passado, tentam igualmente deixar as mulheres em segundo plano. Na vivência diária, das relações interpessoais, nas relações afetivas, na militância, no meio acadêmico. Uma segunda voz é dada às mulheres: uma voz baixa, calma, tranquila. Mulher é considerada a mãe, a progenitora, a esposa, a filha. Nunca a guerreira, a militante. </span><br />
<span style="white-space: pre-wrap;">Há uma necessidade de rever a imagem que a ditadura deixou -e isso vêm sido feito nos últimos anos. O Brasil está abandonando a ideia de silenciar essa época. É preciso dar voz a ela, deixar que ela fale e deixar que cada pessoa mostre sua cicatriz. É preciso abandonar a ideia ilusória de que foi uma época de flores por causa do milagre econômico e da vitória na copa do mundo. Igualmente é preciso repensar a imagem da mulher nessa época. Uma imagem criada por diversas opressões - algumas que vivenciamos até hoje. Essa imagem é bem explicada, talvez sem essa intenção, dado que ainda vivemos sobre os moldes patriarcais e machistas, através dos filmes sobre a ditadura militar. Onde está a mulher? Existe mulher na militância? Qual o papel da mulher na militância? E a tortura? É igual? É preciso analisar com mais cautela e pensar qual o papel das mulheres nos filmes e no cotidiano. </span><br />
<span style="white-space: pre-wrap;"><br /></span>
<span style="white-space: pre-wrap;"><b>A imagem frágil da mulher</b></span><br />
<span style="white-space: pre-wrap;">Socialmente as mulheres já estão carregadas de um senso comum que diz que elas são submissas. Não só na questão de sempre estarem em segundo plano, mas na ideia de que esse segundo plano é formado de fraqueza. Cabe a elas as tarefas que exigem menos do físico e deixam bem distantes de sua realidade qualquer ato que possa ser considerado político. Desta forma, não poderia ser diferente que a maior parte dos filmes sobre a época da ditadura retratem a mulher como o “sexo frágil”. </span><br />
<span style="white-space: pre-wrap;">No filme “O ano em que meus pais saíram de férias” fica claro desde o início de o pai e a mãe do protagonista são militantes de esquerda. O final dos dois, entretanto, é diferente. Temos a imagem da mãe, em uma das cenas finais do filme, na cama, sendo cuidada por um médico. Ali ficam claros os sinais de que ela foi torturada pela ditadura. Vale questionar o motivo de ressaltarem a imagem da mãe ao final. Pareceu-me uma forma de amenizar os ânimos de um filme que mostra claramente a alienação causada pelo futebol. Uma criança, que primeiro fora abandonada pelos pais que precisaram fugir e depois abandonada pelo destino graças à morte de seu avô, precisava de um apoio materno para seguir a vida. Cabe a mulher, a mãe, sempre carregar consigo sua cria. Cabe a mãe - e às vezes tão somente a ela - criar a criança. </span><br />
<span style="white-space: pre-wrap;">Não digo que foi intencional a escolha pela sobrevivência da mulher, muito menos critico ferozmente o filme. A maneira como é abordada a paixão nacional pelo futebol é muito vívida. Militantes de esquerda se reunindo para assistir, comemorar e gritar pelo futebol é uma maneira bem clara de entender como essa alienação se fez presente e forte. Em contrapartida, é de suma importância entender que todas essas memórias deixadas, inclusive nas formas que passam despercebidas e foram criadas sem a intenção de fazê-las, são marcas de um meio social e temporal. </span><br />
<span style="white-space: pre-wrap;">É imprescindível dar ênfase de que para haver uma crítica à forma como a militância feminina é exposta, é necessário que haja menção à militância feminina - algo que em muitos filmes é deixado de lado e esquecido. “O ano em que meus pais saíram de férias” é um ótimo filme para analisar a forma como as mulheres são vistas, pois para além da militância também existe a mulher que é objeto de desejo e a mulher-menina que se encaixa num ciclo social por agir de maneiras esteriotipadamente masculinas.</span><br />
<span style="white-space: pre-wrap;">Analisando mais cruamente a imagem reproduzida das mulheres, pode-se dizer que há um fetiche em colocar a mulher em forma de objeto - seja de decoração para casa ou de desejo. São as duas primeiras faces que são expostas quando se fala da representação feminina: A mulher que é posta como um artigo de decoração como qualquer outro dentro de casa, aquela que serve ao seu marido sem questionar e que abaixa a cabeça para qualquer ordem vinda de um homem e a mulher que é vista como um pedaço de carne pronto para o abate. </span><br />
<span style="white-space: pre-wrap;">É importante, por causa disso, enfatizar a militância feminina. Aceitar que a mulher também ocupa os papeis mais forte e, principalmente, que a mulher também tem voz e poder político. </span><br />
<span style="white-space: pre-wrap;"><br /></span>
<span style="white-space: pre-wrap;"><b>Tortura</b></span><br />
<span style="white-space: pre-wrap;">Cada vez mais consegue se fazer visível que a tortura realizada em mulheres era diferente da dos homens. A questão sexual não foi esquecida e muito menos deixada de lado. Com os novos relatos graças à Comissão da Verdade é possível ter uma pequena noção do terror psicológico, físico e sexual que essas mulheres sofreram. </span><br />
<span style="white-space: pre-wrap;">No relato à Comissão da Verdade de Ana Mércia Silva Roberts, ela deixou claro a situação de “carne exposta” que se encontrou - ao ser colocada nua, de braços abertos e coberta por fios que soltavam descargas elétricas sempre que ela abaixava minimamente os braços. Ela também deixou claro que os torturadores a observavam durante horas - e deixou mais claro ainda que todos eram homens. </span><br />
<span style="white-space: pre-wrap;">E se hoje não vivemos em plena ditadura militar, não estamos assim tão distantes dela. Os índices de estupro só aumentam e não pode-se deixar esquecer de que esta também é uma forma muito vívida de tortura. Uma tortura física e emocional que persegue mulheres cada vez mais. Uma tortura que socialmente é caracterizada por uma relação de poder e uma questão de gênero muito forte. O estupro é a tortura que permaneceu tão ou mais forte depois da ditadura, que nos acompanha diariamente, que nos maltrata e nos mata.</span><br />
<span style="white-space: pre-wrap;"><br /></span>
<span style="white-space: pre-wrap;"><b>O machismo na militância de esquerda</b></span><br />
<span style="white-space: pre-wrap;">Esse é o ponto que menos mudou com o passar dos tempos. A militância ainda não é o lugar da mulher. Ainda é necessário buscar e lutar pela voz dentro dos ambientes de luta. Colocam a voz feminina em último plano, falam que devemos nos calar e falar sobre isso depois, insinuam que sabemos menos de política por sermos mulheres. Isso aconteceu na época da ditadura, justificando o motivo de tratarem, muitas vezes, a militante como descartável, e isso acontece repetidamente nos dias atuais. </span><br />
<span style="white-space: pre-wrap;">São homens barbudos e vestidos de vermelho que gritam mais alto que a mulher companheira. Impõem no poder da voz o poder que querem - e muitas vezes conseguem - ter sobre a voz feminina. Querem silenciá-las. Calá-las. </span><br />
<span style="white-space: pre-wrap;">Desta forma é possível - e preciso - afirmar que existe uma grande militância política que grita pela quebra das amarras, mas ao mesmo tempo tem uma escrava dentro de casa. E também ao mesmo tempo tira o espaço que a mulher conquistou. É uma busca incessante por uma liberdade muito individualista. É a ausência de olhos para enxergar que existem milhares de outras amarras fora aquelas que nos prendem. É preciso entender que a liberdade - e a igualdade - só existirá quando não somente uma parte for livre, mas quando as amarras das opressões - inclusive àquelas que não nos amarram, mas nos favorecem - forem quebradas. </span><br />
<span style="white-space: pre-wrap;">As falas ensaiadas por uma militância excludente são, em grande parte, agradáveis de serem ouvidas. Elas falam o que a maioria quer escutar. Ninguém quer escutar que a mulher está lutando pela liberdade de deixar de ser dona de casa quando não deseja ser. Falam que se a mulher não pode lutar por ela - e deixam de lado o assunto, assim ninguém luta por elas. </span><br />
<span style="white-space: pre-wrap;">A invisibilidade da militância feminina da época da ditadura era enorme e isso refletiu no pouco que elas apareceram nos filmes que retratam esse período. Essa invisibilidade continua forte nos dias atuais e talvez não estejamos tão longe da ditadura quanto imaginamos. </span></div>
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<span id="docs-internal-guid-7ea496ed-78a0-6d3c-ed69-532d50d1e33c">
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Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06691930365421189725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2309631378606716047.post-4842747249692388962013-12-29T17:41:00.001-08:002013-12-29T17:41:20.463-08:00Vamos nos amar? Recebi uma criação que valorizava muito o amor. O conceito de amar foi um dos primeiros que tive na minha infância. Era o amor de mãe, de pai, de irmã, de avó. Era o amor dentro da família, o amor na escolinha, o amor ao ver outros atos de amor nas ruas. <div>
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Quando conheci o amor romântico, platônico, de filmes água com açúcar e contos da disney, conheci também o poliamor. Claro que não tinha a mínima noção desse nome e nem o encarava como uma questão política, mas eu já compreendia que o amor era plural demais para se manter monogâmico em mim. Quando amei pela primeira vez, a primeira pessoa, tive a consciência de que aquela não seria a última pessoa que eu amaria - e também entendi que podia me envolver e me relacionar com outras pessoas ao mesmo tempo. Quando eu amei e assumi esse amor, conheci dentro de mim as diversas formas que esse sentimento poderia ter. Com o passar dos anos, fui entendendo melhor sobre o que se tratava ser poliamor - e é uma realidade que hoje eu agradeço muito por viver.</div>
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A monogamia nunca foi algo que me chamou a atenção. Assim como também nunca me chamou a atenção a heterossexualidade. Não que eu seja contra essas duas coisas, só tenho um nojo muito grande por toda essa imposição massificada que fazem de ambas. Nossa sociedade prega que todas as relações devem ser heteronormativas (e isso acaba sendo refletido até em relações não-heteros) e que só há felicidade em relacionamento monogâmicos (causando uma relação e um sentimento de posse até em pessoas que vivem o poliamor). Sou contra regras pré-estabelecidas para moldar e guiar relacionamentos. Acredito que as pessoas são capazes de buscar e entender sua própria felicidade e podem muito bem descobrirem por si que tipo de relacionamento as fazem feliz. Para isso acontecer, é preciso que acabe essa imposição cultural de que todas as relações devem se encaixar em um molde heterossexual e monogâmico. Acredito que todas as relações devem ser instantâneas e, principalmente, espontâneas. Sorrisos ensaiados e discursos decorados não me transmitem o mínimo de felicidade - e não é felicidade que todos procuramos? E é vivendo em relações espontâneas que eu, bissexual e não monogâmica, posso me relacionar com alguém do sexo oposto ao meu e estar monogâmica - mas isso não é regra e muito menos uma imposição. </div>
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Eu acredito numa construção mútua daqueles que estão no relacionamento. Isso quer dizer que eu não acredito em regras pré escritas, amores pré construídos e sentimentos ensaiados. Eu acredito em um amor livre, que consegue se desprender das amarras da sociedade e se livrar das hierarquias. Enquanto crescemos, cruelmente trocam o clichê de "você só pode ter um melhor amigo" para "você só pode amar uma pessoa". Dizem que se você ama duas - ou mais - nenhum desses amores é verdadeiro. O amor, que é o sentimento mais amplo e puro que conheço, não deveria ser tratado como algo tão limitado. Não acredito em um amor único e nem quero encaixar todas as minhas relações - sexuais ou não - em um molde idealizado por uma sociedade extremamente excludente e preconceituosa. O que sinto e vejo todos os dias são formas intermináveis de demonstrar os sentimentos mais belos. São infinitas formas de amar. Amar longe dos filmes infantis, dos encartes de jornal, das novelas do horário nobre. Amar longe das amarras sociais, longe das cobranças patriarcais, machistas e homofóbicas. Amar por quê é assim que se sente. Amar longe do amor romântico que é empurrado goela abaixo todos os dias. </div>
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É preciso entender, com o máximo de urgência, que o amor e as relações sexuais não necessariamente andam de mãos dadas - e muito menos são inseparáveis. O amor, quando é vivido de uma maneira livre, se expressa de maneiras tão diversas como se é possível viver. O amor pode se expressar em um curto momento e nunca mais aparecer ou pode durar toda uma vida. O amor não precisa ser doloroso, sofrido e muito menos sangrento. Só que vivemos em uma sociedade que parece que quer culpar o amor - principalmente aquele que não é gerado por um casamento monogâmico e heterossexual. </div>
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Talvez por ter sentido já algumas diversas formas de amar, eu não acredite no ciúmes como um dos patamares fundamentais de uma relação - e exatamente por esse caminho não gosto nem um pouco do conceito social de "traição", dado que não considero a fidelidade como fundamental. Considero a liberdade nossa forma mais verdadeira de felicidade. Quebro diariamente minhas correntes com o patriarcado, o machismo, o cistema, o racismo, a homofobia, o capitalismo. É papel fundamental meu, portanto, quebrar também diariamente as amarras que me prendem aos outros - as ligações continuam, mas as dependências vão embora. </div>
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A monogamia carrega um ar de posse que nunca me encantou. Imaginar que meu corpo, meus pensamentos e meus sentimentos devem estar unicamente ligados à uma pessoa me apavora. Pensar que todas as minhas relações plurais devem ser deixadas de lado e esquecidas em prol de um amor que se deve ter como superior aos outros é uma atrocidade. Nenhum amor deveria ser posto em um patamar mais alto que os demais. Não é preciso hierarquizar os sentimentos e nem se cobrar saber quem é mais importante nas relações. Estar com outras pessoas - ou com uma outra pessoa só - é entregar seu coração por completo. Eu entrego o meu coração por completo para todas as pessoas que estão dispostas a dividir comigo um pouquinho de amor - e um pouco de amor é sempre sentimento demais, um mar de relações boas. O amor é plural e o amor só se soma, não é preciso dividir ou subtrair. Não é preciso limitar. </div>
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Eu nunca entendi a heteronormatividade. Uma maneira de tentar moldar as relações, os sentimentos e as atrações. Uma forma de limitar todo um caminho que é possível trilhar e colocar uma culpa naqueles que amam sem se importar com o gênero da pessoa. Como se um órgão sexual fosse definir alguém - e não somente fazer parte desse alguém. Como se um sentimento tão puro como o amor fosse aniquilado por questões de preconceito sexual. </div>
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Essa é a forma como eu encaro o amor - e ela funciona cada vez mais para mim. Eu entendi que não quero relações que são repletas de uma questão de posse ou superioridade. Eu entendi que não quero me limitar ou limitar meus sentimentos. Eu descobri que sentir é uma delícia e se permitir é algo maravilhoso. Longe de mim querer normatizar a poligamia e as relações não-heteros. Se é estranho... deixa ser! Eu não tenho a necessidade de normatizar as coisas. </div>
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Pra mim, moças, moços e seres não binários, um amor bem poli, livre e não-heteronormativo. </div>
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(e pra vocês também)</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06691930365421189725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2309631378606716047.post-47966631714716634982013-08-22T17:44:00.000-07:002013-08-22T18:57:36.447-07:00Olhou pro banco e disse: MACHISTA, vai lá! Fiquei um bom tempo pensando em como começar esse texto. Na verdade, como sempre gostei muito das suas músicas, Emicida, acho que isso vai sair mais como uma carta. Vou tentar te falar coisas que nunca dizem nem pra você, nem pra qualquer homem. Vocês não estão acostumados a ouvir e saber das informações que eu vou contar, então talvez queira se sentar no seu sofá do privilégio masculino.<br />
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Trepadeira. Não sou do tipo de mulher que gosta de flor - olha, primeira coisa para te avisar: Nem todas as mulheres são delicadas e ficam apaixonadas ao receber um buquê de flores. Nunca gostei, mas se tem uma planta que me agrada é a trepadeira. Passei minha infância numa casa que tinha um muro coberto por essa planta magnífica. Era um jardim grande e tinha muitos tipos de árvores, flores e matos, mas nenhum deles me causava tanta admiração quando àquela estranha planta que crescia rente ao muro da piscina. Fiquei extremamente triste no dia que tiveram que retirá-la, pois ela causava infiltração no muro da casa vizinha (ou algo assim. Era muito pequena, não lembro direito). </div>
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Então, em primeiro lugar, não acho que mulher nenhuma deva se sentir ofendida a ser comparada com uma planta tão bela. Só que, achar que nenhuma mulher deve se sentir ofendida não anula o que eu acho sobre a sua música. Ela é extremamente machista, mas isso com certeza você já escutou desde o momento que a colocou no youtube. E, bem, esse texto é sobre coisas que homens não sabem (ou não estão acostumados a saber). </div>
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Espero que esteja preparado para o primeiro choque de realidade. É... saber que nem toda mulher é obrigada a gostar de flores não foi o primeiro choque. A primeira revelação que eu quero fazer é que mulher faz sexo. Sim, acreditem. Mulher faz sexo - não somente fazem sexo com mulher. Essa ideia que colocam na cabeça masculina de que mulher é passiva em questão de sexo... bem, é mentira! Mulher faz sexo, mulher gosta de sexo, mulher faz sexo com outra mulher, mulher faz sexo com vários homens, mulher faz sexo antes do casamento, mulher faz sexo para se satisfazer. Mulher goza, mulher goza com homem, mulher coza com mulher, mulher goza sozinha. </div>
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Você goza, Emicida? Faz sexo pra se satisfazer? É... eu também! Eu, minhas irmãs, minha mãe, a sua mãe, a sua tia, a minha prima, as suas fãs. E olha, eu nunca vi ninguém fazer uma música para criticar o homem que gosta de prazer. Mas se a sua visão é tão conservadora nesse quesito, talvez você deva fazer uma "trepadeira parte 2... o outro sexo" e criticar tão fervorosamente também aquele homem que - pasmem! - faz sexo. </div>
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Então, vamos para a segunda coisa que ninguém nunca te contou: Mulher não faz sexo com aqueles que acham que a merecem. Você, acreditando ou não, não é a pessoa ideal para decidir quem é digno ou não de fazer sexo com qualquer mulher. Essa escolha cabe somente a ela. E, por favor, supere esse recalque de "eu fui tão bom e ela não deu pra mim, mas deu pra outros". Nenhuma ação sua torna obrigatório o sexo. Nada do que você faça vai fazer com que seja uma obrigação da mulher dar para você. Agora, se você não sabe lidar com isso - como mostrou que não sabe ao escrever uma música para criticar essa mulher -, bem, é melhor zerar a vida e começar novamente. </div>
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Você ainda deu um toque de "friendzone" na sua música. Que merda de tempero para uma receita que já tá solada antes de ir ao forno. De tantos discursos para fazer coro, você escolheu um que é extremamente infantil. Ou você quer algo mais infantil do que uma pirraça de quando não consegue aquilo que quer? Não está acostumado com isso? Acho que está - ou deveria. </div>
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Emicida, você canta rap. Rap é questionador, revolucionário. Você é negro e com certeza entende o racismo. Só que, infelizmente, enxergar a sua opressão não abriu seus olhos para todos os outros que são oprimidos por razões distintas da sua. Você é oprimido por ser negro - eu sou oprimida por ser mulher. E eu luto por uma liberdade feminina, mas os homens adoram reafirmar que estamos fazendo escândalo por bobeira. Você afirma que fez um poema. Dê o nome que quiser, Emicida, nenhum deles vai anular que o que você fez é machismo. E você, negro, cantor de rap, não está acima do bem e do mal e nada vai me impedir de repetir: Você é machista! </div>
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Só que fica me martelando na cabeça isso de que você deveria ser pelas minorias sociais, pelos oprimidos, pelos injustiçados. É... você tá na luta negra, não está? E mais uma vez, como de costume, eu, mulher, feminista, escuto que a minha luta é menor, sem razão, sem nexo e "para o bem geral da nação" vamos... deixá-la para depois, de lado, ali atrás do armário, bem escondida. Por que ninguém nunca tinha te dito que mulher faz sexo, não é? Só que, pior: ninguém nunca tinha te dito que mulher faz sexo por que quer! </div>
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Como diz Lindy West "A sexualização das mulheres só é aceitável quando não é consensual. Do contrário, é só 'vulgaridade'". Pelo o quê eu to lutando e por quê eu to falando, Emicida? Por que eu não quero que nenhuma mulher mais se veja na obrigação de sexo - e na obrigação de não-sexo. Por que eu não aguento essa sociedade que diz que o sexo, para a mulher, é o maior dos tabus. Eu não aguento essa sociedade que aplaude uma música que reforça o discurso nojento e asqueroso de que mulher boa é mulher pudorosa, mulher santa, mulher que não transa com quem quer - e que não pode querer transar. </div>
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Recuso-me a acreditar que um cantor tão conceituado não saiba da realidade da violência contra a mulher. Da naturalização da violência de gênero. E o que você faz? Reforça esse diálogo. Reforça e faz coro à essa ideia de que existe um tipo de mulher que merece apanhar. Com espada de São Jorge! </div>
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Deixa eu te contar outra coisa que não contam aos homens: Quando ele agride - ou estupra - uma mulher... a culpa é DELE! Não importa se ela negou sexo, se ela estava sozinha, se ela estava com roupa curta. Não importa se você não concorda com o modo de vida dela. Não importa se você acha asquerosa a ideia de que a mulher é tão livre quanto o homem. Não importa se você não sabe lidar com o seu recalque sobre a vida alheia. Não importa nenhum fator desses. </div>
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É, Emicida, a vida é cheia de coisas que nunca contaram aos homens. Se nunca contaram aos homens, também nunca contaram às mulheres. Só que a gente descobre com o tempo essas verdades e tenta mostrar pra vocês: que, se existe liberdade, ela também nos pertence. Sua música fala muito de flores - mas as hierarquiza. Coloca as mulheres - lindas flores - como o patamar mais alto, afinal, homens irão querê-las para além de uma noite. Só que isso é fruto da sua imaginação e de uma criação machista e patriarcal. Nenhuma mulher é melhor do que outra pela quantidade de pessoas que elas levam para a cama. E mais importante: Nenhuma mulher é melhor por que agradou a um homem - e se moldou aos padrões machistas impostos na sua música e na nossa sociedade. </div>
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Eu fico extremamente triste que você tenha escolhido esse discurso para defender, "poetizar" e aumentar. Não é disso que o nosso mundo precisa. O nosso mundo não precisa de mais gente influente falando que a mulher tem que "se dar ao respeito" e se enquadrar em moldes que somente a podam. O nosso mundo não precisa de um cantor de rap dizendo que certas mulheres merecem apanhar. </div>
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Eu não sou uma planta. Eu não sou uma flor, um mato, uma raiz. Eu sou uma pessoa e eu tenho uma vida. E as escolhas dessa vida cabem a mim. O que eu faço da minha vida é escolha minha. Mas, se você quer chamar a mulher que transa de trepadeira, bem... é uma bela planta! </div>
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E eu faço coro a uma frase da sua música: </div>
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ARRASA BISCATE! (O mundo é nosso também!)<br />
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(Emicida fez uma <a href="https://www.facebook.com/EmicidaOficial/posts/568493269875016" target="_blank">postagem</a> no Facebook sobre a repercussão da música. Abaixo direi o que achei da postagem) </div>
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Entendo que talvez você esteja acostumado com um "é ficção" justificando barbaridades. Assistimos novelas e filmes absurdos que propagam preconceitos e reforças discursos extremamente excludentes. Só que, felizmente, não somos obrigados a gostar, apoiar e aplaudir ficções que não nos agradam. E ficção que propagam como "naturais" ações de violência não me agradam - e acho que nem deveriam te agradar. Então, para mim, essa desculpa não é válida. Você é um artista e gostaria de te perguntar se é esse o tipo de discurso que você quer propagar com a sua ficção. É esse tipo de ação que você quer naturalizar?<br />
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Você tem outra música que trata da questão no sexo masculino? Pois bem, "Vacilão" não é mais legal que "Trepadeira". Vacilão é o homem que perdeu a mulher que -pasmemos!- não se enquadra na mulher trepadeira. Realmente há uma ligação entre as músicas - mas nem de longe é a ligação que você afirmou. Só que vamos ao ponto que realmente importa: Sua música não é aleatória ao mundo. Ela não está infiltrada em um lugar livre de sexismos, machismos, violência de gênero. Sua música representa exatamente o que é dito pelo senso comum - que mulher tem que se dar ao respeito. Ninguém fala isso de homem, ninguém clama que o homem se respeite, ninguém questiona com quantas mulheres o homem dorme. Quando você cria uma música que reforça o senso comum, você o legitimiza e abre espaço para que as pessoas reforcem seus sexismos e preconceitos. Isso acontece com "Trepadeira", mas nunca iria acontecer com "Vacilão". Emicida, o senso comum diz que o homem é o ápice da nossa sociedade - então, mesmo que ele perca a mulher "certa", ele pode se divertir com as trepadeiras o quanto quiser até encontrar outra mulher "certa". E esse ciclo se repete incansavelmente. Esse ciclo é vicioso e gera uma violência de gênero. Então, não, não é "só ficção". Isso é real e cotidiano na vida das mulheres - mas você precisa descer do seu privilégio para conseguir enxergar. Então... vai descer?!<br />
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Você diz que sua opinião sobre a sexualidade feminina não é igual a do senso comum. Diz que não é machista e patriarcal. Então, me explique o motivo de você escolher fazer uma música que vai de encontro com a sua opinião? Há uma razão para isso? É uma poesia mais fácil de fazer - e ser vendida?<br />
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Vou responder sua pergunta sobre opiniões diferente: Sim, podemos ter opiniões diferentes. Só que isso não anula o meu direito de criticar sua música. Não tira o meu direito de discordar de você e achar que essa música é simplesmente um desserviço à luta feminista. Então, infelizmente, não estamos do mesmo lado. Não estamos do mesmo lado por que você diz uma coisa - diz ser igualitário, estar ao lado da luta feminista -, mas faz uma música extremamente machista. E não, Emicida, "Rua Augusta" não te deu uma carta branca para escrever quantas merdas quisesse depois.<br />
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Você fala da sua história, trajetória e das outras músicas que escreveu. Fala das vezes que disse para escutarem a voz feminina - coisa necessária numa sociedade tão machista. Emicida, não vou jogar confetes em você. Desculpe-me, mas eu, como alguém que sempre admirou o seu trabalho, não vou jogar confetes em você quando você tem ações que deveriam ser normais. Não ser machista não passa da obrigação de qualquer pessoa - principalmente das que assumiram algum papel social.<br />
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Não se baseie no pior, Emicida. Não é por que existem raps piores, que você deve se ver no direito de escrever algo machista. Não é por que existem raps que nem tentam enxergar a mulher que você merece palmas.<br />
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Eu repito: Não estamos do mesmo lado. Não estaremos do mesmo lado enquanto você não enxergar o desserviço que é essa sua música. Não estaremos do mesmo lado enquanto você continuar achando que tudo se justifica por ser "poesia". Enquanto você não conseguir enxergar os males dessa sua música, não estaremos do mesmo lado - mas espero do fundo do meu coração, que um dia estejamos.<br />
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Você PODE escrever uma poesia machista... mas é esse o mundo que você quer deixar para a sua filha? </div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06691930365421189725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2309631378606716047.post-4032181587432846682013-08-20T11:50:00.001-07:002013-08-20T11:50:21.732-07:00Voz masculina não protagoniza o feminismo. <div style="text-align: justify;">
Li quatro textos que estão em alta essa semana e percebi que algo alí me incomodava. Os quatro eram sobre o mesmo assunto, mas dois foram fervorosamente criticados e os outros dois aplaudidos. Pessoas comentavam desmerecendo frases soltas de dois textos, enquanto compartilhavam loucamente e jogavam confete em que escreveu os outros dois. </div>
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O tema desses textos é polêmico - mas simples de ser entendido, o problema é que ninguém quer descer do patamar de seus privilégios para poder entender o contexto: Homens não podem protagonizar o feminismo. Os textos não tratam do assunto na mesma linhagem e nem todos citam esse protagonismo, mas é a mensagem que passa: a opressão de gênero existe e é atual - e já passou da hora de pararmos de duvidar da voz feminina e tentar calá-la. </div>
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Existe somente um diferença gritante entre os quatro textos: Dois foram escritos por mulheres; dois foram escritos por homens. Preciso mesmo dizer qual foi fervorosamente criticado e qual foi aplaudido? </div>
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Ultimamente tenho visto várias pessoas questionando o machismo na luta esquerdista - e isso é ótimo! Assim como vejo milhares de mulheres criticando a transfobia no meio lgbt e feminista - o que também é ótimo! Desnaturalizar essas agressões é preciso para que possamos tornar nossos movimentos cada vez mais plurais, igualitários e libertários. Então, é claro que o assunto é polêmico. Dizer que o homem não pode protagonizar o feminismo é fazer com que os reacionários voltem ao pensamento - se é que saíram dele - de que o machismo é o oposto do feminismo. Só que é um perigo que temos que correr. É preciso deixar claro quem tem que ter voz nesse movimento. É preciso deixar claro quem sofre constantemente nesse sistema patriarcal e machista que vivemos diariamente. </div>
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Sejamos sinceros: Quem cala o homem?! O homem-branco-cis-hetero... quem o cala? Ninguém. Ninguém nunca negou a voz ou a veracidade do discurso desse homem. Não o apago da luta feminista, acho que é dever de todo cidadão lutar ao lado dos grupos de minoria social (e invisibilidade). Agora, a maior questão do feminismo é dar voz a mulher; voz essa que nos foi arrancada desde o berço. Voz que é negada às mulheres cis e, talvez, nunca tenha existido para as mulheres trans. </div>
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Eu acho que existe um grande ponto dentro do feminismo: Lutamos pela voz da mulher, mas talvez o movimento ande esquecendo das mulheres não-cisgêneras. É preciso lembrá-las, abraçá-las, mas principalmente: Entregar um megafone nas mãos delas e deixar que elas exponham a transfobia que sofrem diariamente. É papel do feminismo entender a transfobia como um alvo a ser derrotado tão urgentemente quanto o machismo. </div>
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Então, deixa eu voltar a falar dos quatro textos. Um é da Daniela Andrade e explica o<a href="https://www.facebook.com/danielaumalutadora/posts/154391204764464" target="_blank"> papel do homem na luta feminista</a> - simples, prático, didático e extremamente criticado ao dizer que não devemos tratar as mulheres como vítimas, mas como sobreviventes. Extremamente criticado também ao dizer que a mulher não é machista, pois o machismo é um mecanismo tão forte que faz com que o maior oprimido - as mulheres - tenham um apego e uma dependência para com esse sistema de opressão. A culpa não é delas - e é preciso deixar isso extremamente claro e visível. Outro texto é da Tanira Maurer que fala<a href="https://www.facebook.com/taniramaurer/posts/649945845016273" target="_blank"> sobre a naturalização da violência contra a mulher</a> - skatista que fez piada da agressão, a capricho que tenta transformar o estupro em matéria-prima para romance e também foi criticada pela parte que diz "isso só acontece com mulheres". Após as diversas críticas, Tanira ainda <a href="https://www.facebook.com/taniramaurer/posts/651794928164698" target="_blank">respondeu</a> em outra postagem - também de forma bem clara, mas volto a dizer que é preciso descer de nossos privilégios para conseguirmos enxergar com clareza o assunto.</div>
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Yashar Ali falou sobre <a href="http://papodehomem.com.br/porque-as-mulheres-nao-estao-loucas/" target="_blank">como as mulheres não estão loucas</a> e defendeu que está mais do que na hora de pararmos de desvalorizar e desqualificar discursos levando em consideração o gênero da pessoa que o prega. É um ótimo texto que faz pensar todas as vezes que escutamos que nossos argumentos só eram tão fervorosos e "extremos" graças à nossa <strike>tão temida</strike> TPM. Henrique Marques-Samyn escreveu sobre <a href="http://blogueirasfeministas.com/2013/04/homens-pro-feministas-aliados-nao-protagonistas/" target="_blank">os homens pró-feministas</a>, deixando claro que o protagonismo do feminismo cabe somente à mulher. </div>
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O assunto é polêmico por que os homens não estão acostumados a terem sua voz colocada para segundo plano. Nunca mostraram para os homens que a opinião deles, às vezes, não é a válida. Então, é gerada uma revolta toda vez que alguém fala que os homens não são protagonistas de algo - nesse caso, do feminismo. Só que é um assunto até bem simples de ser entendido, então vou usar outro exemplo: Sou uma mulher cis, tenho consciência de que isso me coloca em uma situação de privilégio em relação às mulheres trans. Eu apoio o transfeminismo, mas nunca poderei representá-lo. Eu não tenho meu gênero questionado diariamente, não sou chamada de "ele", não preciso reafirmar para o mundo que sou mulher. O mundo me enxerga como tal, então eu não tenho como entender e protagonizar um movimento contra uma opressão que eu não sofro. É o mesmo caso com o feminismo na luta contra o machismo; embora alguns homens também sejam atingidos pelo machismo, isso ocorre em uma escala extremamente menor do que ocorre com a mulher, além de que todos os homens são favorecidos por esse meio de opressão. Enquanto a exceção do machismo oprime o homem, é regra oprimir e inferiorizar a mulher. </div>
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Nenhum dos quatro textos me incomodou - e nem discordo dos textos. O que me fez parar para pensar e querer escrever esse texto foram as opiniões tão diversas que esses textos geraram. Os textos - tanto das mulheres, quanto dos homens - foram criticados pelo assunto em questão. Tire a palavra final - e central - de um tom de voz masculino e será chamada de sexista. Agora, o que me fez refletir foi a importância que deram aos textos escritos pelos homens. </div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8khDHRmhP3L1Mbdm70pcVzH2l6Z2XgAZBQaETMN2_n2p1dvIBHWVm_HzVJF0cR42VX_1DU7hAvf2xIxlF20DEeJxmbszXvlpEJPv17H8ozCNAadV3WSFpISE9UErMEYil_aMLEF1qYGiW/s1600/homem+cis+hetero+feminista.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8khDHRmhP3L1Mbdm70pcVzH2l6Z2XgAZBQaETMN2_n2p1dvIBHWVm_HzVJF0cR42VX_1DU7hAvf2xIxlF20DEeJxmbszXvlpEJPv17H8ozCNAadV3WSFpISE9UErMEYil_aMLEF1qYGiW/s400/homem+cis+hetero+feminista.jpg" width="400" /></a></div>
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<i>(<a href="https://www.facebook.com/pages/Homem-Cis-Hetero-Feminista/204835109678362?fref=ts" target="_blank">Homem cis hétero feminista</a>) </i></div>
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<i><br /></i></div>
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Eu não desqualifico os textos por eles terem uma voz masculina e acho bom deixar isso claro. O questionamento que quero trazer aqui é sobre a importância da voz masculina dizendo "escutem as mulheres". Por que é isso que os textos fazem; influenciam que os outros homens escutem as mulheres de uma maneira diferente. Isso é bom, sempre acho válido qualquer forma de expressão que faça com que as pessoas questionem seus preconceitos e privilégios. Só que eu não vou jogar confete em homem algum por que ele se diz feminista (ou pró-feminista). Eu não vou parabenizar incansavelmente alguém que somente afirmou um posicionamento que eu considero como básico nas lutas sociais. </div>
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O que me fez refletir foi, também, a maneira como as mesmas críticas eram expostas. Nos textos das meninas, era uma imposição de que elas estavam sendo extremistas demais - principalmente ao afirmarem que as mulheres sofrem com o machismo incansavelmente mais que os homens. Já nos textos dos meninos, vi várias pessoas questionando. Eram comentários como: "Eu não entendi, mas gostaria de entender esse seu posicionamento". Isso deixou mais claro do que nunca que a voz do homem tem poder, imposição e valor. A voz feminina ainda é vista como uma voz que diz coisas impensadas, mal formuladas, carregadas demais pela emoção e, principalmente, extremistas. </div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgz1m2_H4Wkv0NJKtImk5wv2IEDgMXotftnO3y4NK89BBz04O7ZsLzxilNqYi19gunxGr9p3LXh7ZUqrF8vkAhEcqGfz1ooy9bco6RFi3zlyufeXWyLFkexEjAso4ES4syHlIp1JRdSM0Op/s1600/homem+cis+hetero+feminista+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgz1m2_H4Wkv0NJKtImk5wv2IEDgMXotftnO3y4NK89BBz04O7ZsLzxilNqYi19gunxGr9p3LXh7ZUqrF8vkAhEcqGfz1ooy9bco6RFi3zlyufeXWyLFkexEjAso4ES4syHlIp1JRdSM0Op/s400/homem+cis+hetero+feminista+2.jpg" width="400" /></a></div>
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<i>(<a href="https://www.facebook.com/pages/Homem-Cis-Hetero-Feminista/204835109678362?fref=ts" target="_blank">Homem cis hétero feminista</a>) </i></div>
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Então, a crítica que quero fazer aqui não é sobre os homens que escreveram os dois textos, mas sobre os que marcaram presença nos comentários. O feminismo não precisa de um homem para afirmar a voz das mulheres - precisa de mais mulheres que não tenham medo de demostrar sua voz. O feminismo não precisa que os homens ditem as regras da militância - isso cabe às mulheres, que sofrem diretamente com a violência de gênero. Todo o apoio masculino é bem-vindo, assim como eu apoio a luta negra, assim como eu apoio a luta trans. Só que eu não quero confetes sendo jogados em cima de mim por eu fazer algo que não passa da minha obrigação - apoiar grupos minoritários. Não acredito em um feminismo repleto de transfobia, lesbofobia, racismo. Assim como não acho necessário todo esse auê gerado pois dois homens se puseram em um lugar que lutamos para que todos estejam. </div>
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Essa luta é feminina. Eu apoio todos os textos - mas meu coração pede, implora e clama pelo dia que todas essas palavras tenham uma voz feminina. </div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06691930365421189725noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2309631378606716047.post-67636288635946679842013-08-11T13:53:00.000-07:002013-08-11T13:53:42.800-07:00Sobre não bater em mulher e ser a mulher que não se pode baterFeminicídio. Talvez você nunca tenha escutado esse nome, talvez não saiba sobre o que ele se trata. A mídia, o senso comum, a sociedade machista quer que encaremos esse crime com outro nome. Mais poético, novelesco, fácil de digerir e que não remete a o que realmente é: um crime de gênero. Querem que continuemos a repetir "foi crime passional", por que tem um som mais agradável aos ouvidos.<br />
<br />
A Lei Maria da Penha acabou de fazer aniversário e cheguei a escutar que a lei é sexista. A pessoa que disse tal absurdo com certeza ainda não teve consciência de que o crime passional, na verdade, é feminicídio.<br />
<br />
Eu sei que irei escutar o mimimi de sempre de que "homens também sofrem violência doméstica" e "conheço vários homens que apanham de suas esposas". Para o bom funcionamento do texto - e da minha cabeça - ignorarei. Não vamos tratar exceção da mesma maneira que tratamos a regra, ok? E o que acontece é que a violência contra a mulher está naturalizada. É rotineira. Mulheres morrer por serem mulheres; o que não acontece com o gênero masculino.<br />
<br />
Ninguém morre de amor. Não foi o amor que enfiou uma faca de cozinha no peito da mulher. Não foi a paixão que deu um tiro na mulher e a deixou paraplégica. Não é um sentimento de carinho que torna um relacionamento abusivo. Isso ocorre por que no relacionamento patriarcal e machista existe um sentimento de posse. A mulher deixa de ser independente e ter vontade própria para ser instrumento de desejo e vontades do marido. O homem aceita que tem controle sobre sua esposa, entende que é um direito dele agredi-la, corrigi-la, enquadrá-la na "mulher ideal" para seus conceitos machistas.<br />
<br />
A nossa sociedade ensina e educa esse homem - ignorando completamente a mulher, torcendo para que seu marido possa corrigi-la de suas ideias libertárias. Os ensinamentos são básicos e com certeza você já escutou vários deles durante sua vida: Mulher tem que falar mais baixo que o homem, não pode tomar decisões próprias, não precisa trabalhar fora, tem que deixar a casa arrumada, limpa e bem cuidada, tem que educar os filhos nos moldes patriarcais e machistas, tem que estar pronta para sexo sempre que seu marido quiser, não pode negar nada.<br />
<br />
A mulher torna-se uma escrava do lar. Objeto de decoração para os amigos de seu marido, objeto sexual quando marido chega bêbado em casa, objeto-saco-de-pancada quando o marido quer liberar a raiva. E tudo é noticiado como um "crime passional". Um crime cometido pela paixão: um sentimento levado ao extremo. Que sentimento é esse? Amor?! Nunca foi. Amor levado ao extremo nunca causaria dor. A culpa não é de um sentimento entre um homem e uma mulher, mas o sentimento que o homem tem sobre a mulher; o sentimento de que pode e deve agredi-la se ela não corresponder as suas expectativas.<br />
<br />
Eu cresci escutando que "quem bate em mulher é covarde" e "em mulher não se bate nem com uma flor". Ao mesmo tempo, via mulheres com olhos roxos andando de cabeça baixa na rua, via pessoas questionando o que a mulher tinha feito para o marido bater nela. Com o tempo eu percebi que eles precisavam colocar a culpa em alguém; e esse alguém não poderia ser o homem. Afinal, ser homem é ser o ápice da sociedade, não podemos condená-lo pela violência que ele comete. O que a sociedade faz é simples - e cruel. Ensina para as crianças que mulheres são intocáveis, sensíveis, donzelas, princesas. Ensina que nas mulheres não se deve bater. Só que, ao mesmo tempo, deixa bem claro o que é uma mulher: Cabelos longos, postura reta, palavras doces, voz baixa, pernas cruzadas, olhos voltados para o chão, uma obediência sem questionamentos, uma pureza inalcançável. É preciso ser essa mulher para não ser agredida. Ensinaram-me, desde crianças, esses dois significados: Não se bate em mulher | o que é ser a mulher que não se pode bater. Enquanto crescia, fui vendo muitas mulheres sendo agredidas. Mulheres demais. Até que entendi que o problema era que elas não haviam seguido o padrão de mulher-que-não-se-pode-agredir. E, graças a isso, os homens tinham o direito de bater nelas, estuprá-las... matá-las.<br />
<br />
Eu via muito sangue. Sangue demais para quem cresceu achando que, por ser mulher, nunca apanharia. Só que eu apanhei. Apanhei quando era criança, de um garoto alguns anos mais velho que eu, pois ele achou uma afronta uma menina estar jogando Yugi-oh! Apanhei ideologicamente todas as vezes que justificaram algo com um "você é mulher, não entende!". Apanhei internalmente todas as vezes que vi mulheres sendo agredidas, todas as vezes que vi um crime sair impune, todas as vezes que vi a sociedade tentando culpabilizar a mulher pela violência que sofreu. Eu vi o sangue escorrer, mas não era um sangue vermelho, era um sangue transparente. O sangue estava nos olhos com medo, nas posturas curvadas, nos passos atrás do marido. O sangue estava na revista que tenta "justificar" a violência doméstica relativizando o agressor e culpabilizando a vítima*. O sangue estava no caso Samúdio, onde achavam que a morte dela era necessária pois ela era prostituta. O sangue estava no marido de Nigella que reclamou por ela não defendê-lo após ele a agredir publicamente**.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg52iQEQhC-0HMu_B5qwNXea2xjj1vCQfgfIxRfG6QTkNWcaGjs6SDL5VBCpC5l67wRtTa8ZECdjQgtUAydazNc3d1KHMfKCUo__cWwkkin6oGI4AjxyxDrcMgq-CqkQr6sFPprI05GXawM/s1600/foto.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg52iQEQhC-0HMu_B5qwNXea2xjj1vCQfgfIxRfG6QTkNWcaGjs6SDL5VBCpC5l67wRtTa8ZECdjQgtUAydazNc3d1KHMfKCUo__cWwkkin6oGI4AjxyxDrcMgq-CqkQr6sFPprI05GXawM/s640/foto.JPG" width="480" /></a></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyqim0Ecqc0Ll9vEBmv31FcBpJgBQIyCC20t1myqXQbn3FeEBQ7e5uWNR8FCy0w0ZnZeRhD0cCSDvCW7Akggu6gU5sfce8dQ8dC7YgAuN-FBySapa4J0yvbdnSZ_TakOFjuU3YxU9rDL-U/s1600/nigella-lawson-choked.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyqim0Ecqc0Ll9vEBmv31FcBpJgBQIyCC20t1myqXQbn3FeEBQ7e5uWNR8FCy0w0ZnZeRhD0cCSDvCW7Akggu6gU5sfce8dQ8dC7YgAuN-FBySapa4J0yvbdnSZ_TakOFjuU3YxU9rDL-U/s640/nigella-lawson-choked.jpg" width="640" /></a></div>
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Mata-se por ser homem e morre-se por ser mulher; essa é a violência de gênero que enfrentamos todos os dias. Querem mascarar, relativizar e colocar uma poesia no meio, uma novela sobre o assunto, um filme cheio de sangue. Querem que acreditemos que o ciúmes matou, sem explicar que o ciúmes faz parte do sentimento de posse. Só que mulher alguma é objeto para ter dono. Mulher nenhuma deveria ser agredida. Nem a que se enquadra na sociedade, nem a que se recusa a se enquadrar, nem aquela que simplesmente não se enquadra.<br />
<br />
Estão gritando que as mulheres estão morrendo de crimes passionais. Você acredita? Eu não. Não existe crime passional, existe feminicídio.<br />
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06691930365421189725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2309631378606716047.post-60702685576804767252013-08-08T12:22:00.001-07:002013-08-08T12:22:31.866-07:00Lola, seu texto me estuprou - e "perdão" não vai curar isso. <span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Nesse momento a única pergunta que eu consigo fazer (sobre o texto polêmico -e desnecessário- da Lola) é a seguinte: Como as mulheres, feministas, leitoras assíduas desse blog (que é o mais lido sobre o tema) estão se sentindo?</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Um dos maiores papeis do feminismo, na minha opinião, é chegar para as mulheres que são violentadas diariamente e falar em alto e bom som que a culpa não é delas. E a culpa realmente não é. Um dos trabalhos mais difíceis do feminismo talvez seja conscientizar as vítimas de que o agressor é o pleno culpado pela agressão. É algo obvio em outras áreas da vida, mas não é tão óbvio assim quando se trata de alguma violência contra a mulher.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Quando você é assaltado e vai fazer o Boletim de Ocorrência, nenhum policial vai te questionar o motivo de você estar andando sozinho. Agora, o que acontece diariamente nas Delegacias da Mulher são questionamentos vazios e sem qualquer relevância. Se a mulher foi estuprada, que valor tem a roupa que ela usava? Que valor tem a hora que ela estava andando na rua? Que valor tem se ela estava bêbada? Algum desses fatores alteraria a sentença de "culpado"? Algum desses fatores causaria uma sensação de "ah, estuprador, eu te entendo"? </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">E quando uma mulher, sozinha, com medo, recém agredida vai até uma Delegacia (supostamente) da Mulher e é abordada e metralhada com perguntas que deixam a entender que se ela não fosse ela, se ela não agisse como agiu, ela não teria sido violentada, essa mulher aceita que a culpa foi dela. Não foi o estuprador que agiu, foi ela que fez o estuprador agir. </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Essa é uma questão ampla. A violência contra a mulher é silenciada todos os dias, no nosso cotidiano, na nossa rotina. A violência contra a mulher é naturalizada na nossa cultura. E é papel do feminismo desnaturalizar isso e dar apoio para as mulheres. E o primeiro passo é dizer: A culpa não foi sua. </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Explico, então, por que quero saber como as mulheres violentadas que são feministas e leitoras do blog estão se sentindo: As outras mulheres, a grande maioria que sofre a agressão, as que apanham caladas pois acham que realmente a culpa é delas, as que ainda não escutaram que elas podem e devem pedir ajuda ainda não aprenderam o básico: Que o estuprador é estuprador independente dela denunciar. </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Não há um botão de liga-desliga que move as ações dos agressores. E eu não me refiro à eles como monstros, pq isso tira um pouco da responsabilidade masculina nisso tudo. Não digo que a culpa é dos homens individualmente. A culpa é do homem que foi construído na nossa sociedade. E um dos pontos que vale pensar é que, se a culpa do estupro é da mulher (como a sociedade adora afirmar), então todos os homens são estupradores em potencial? Desculpa, mas eu não acredito nisso. Só que acredito que a carga de pensamentos, "mandamentos" e ideias que são passadas para os homens fazem com que eles invisibilizem o estupro (e outras diversas formas de agressão). </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">A questão é que diversos grupos/coletivos feministas (se não todos) trabalham cotidianamente com a mulher que não tem a mínima noção de seus direitos. Trabalham com a mulher que acha que é culpada pela agressão que sofreu. Trabalham com a mulher que está simplesmente perdida na situação. E trabalham também com a mulher que não entende que sofreu uma agressão. </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Eu quero saber o que está se passando pela cabeça das mulheres que ajudam as outras. As que tem noção de que não são culpas e passam a vida tentando passar essa mensagem para as outras. Por que essas mulheres, que leem o blog da Lola, encontram (ou encontravam) lá um refúgio. Quer dizer, pelo menos eu fazia o blog "Escreva Lola Escreva" como um Google-feminista. Era incrível como todos os assuntos eram presentes ali.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Só que, então, há uma postagem que diz: "Você, estuprador, também é vítima". </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">O papel do feminismo não é se preocupar se o estuprador vai se "curar" ou não. Isso não é doença. O estupro é tão enraizado na nossa sociedade que acontece diariamente. Acontece entre familiares (na maior parte dos casos). O estupro-no-bosque-escuro-e-com-a-vitima-perfeita não existe! O estupro que existe é com as pessoas comuns, a sua vizinha, a minha vizinha, a amiga em comum que temos. O estupro não é somente um homem dominando uma mulher que luta até perder as forças. Muitas vezes, o estuprador já dominou todas as forças da vítima antes de encostar nela. </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">E quando um blog que incentiva o feminismo de milhares de militantes e é o ponto de acesso para as que ainda vão entender o feminismo, dá espaço para um estuprador dizer que ele se arrepende, mas não vai se entregar para a polícia pq o maior sofrimento para ele é saber que é estuprador, ela abre espaço para até as mulheres que já aceitaram que a culpa não é delas, se questionarem sobre o fato novamente. </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Feminismo é sim uma questão de direitos humanos. Eu sou contra castração química (principalmente pq não resolveria o problema) e sou contra a pena de morte. Só que isso não quer dizer que eu vou perdoar os agressores das minhas irmãs, amigas e familiares. Isso não quer dizer que eu vou perdoar os agressores das mulheres que não conheço. Não é papel do feminismo perdoar um ato de crueldade; é papel -fundamental- dele proteger as vítimas. </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">E, Lola, você acaba de mandar várias mulheres de volta para a guilhotina. </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">(esse texto é uma resposta à esse texto: </span><a href="http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/2013/08/nao-me-perdoo-pelas-pessoas-que-estuprei.html" rel="nofollow nofollow" style="background-color: white; color: #3b5998; cursor: pointer; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-decoration: none;" target="_blank">http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/2013/08/nao-me-perdoo-pelas-pessoas-que-estuprei.html</a><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">)</span>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06691930365421189725noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2309631378606716047.post-50099648536199182172013-07-28T15:02:00.002-07:002013-07-28T15:02:36.485-07:00Santas quebradas reproduzindo o luto coletivo gerado pelos manequins da Toulon.Sempre fui o tipo de pessoa que exige respeito. De todos os lados. Todos os dias alguém me pergunta se é sendo feminista (com aquele tom de nojo em cima da palavra "feminista") que eu quero ser respeitada. Sempre respondi que não é assim que eu quero ser respeitada - é assim que eu exijo ser respeitada. Só que eu sou desrespeitada todos os dias pelas pessoas, pela igreja e pelo estado. O senso comum diz que eu preciso "me dar ao respeito" e ser uma mulher dentro dos padrões patriarcais e só assim, talvez, quem sabe, há a chance de eu ser respeitada. Eu piso fora da linha do comportamento que me foi imposto e sou vadia, piranha, mau comida.<br />
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É fato sabido que o respeito não é dado para as mulheres da luta. Existe sempre um "porém" sendo analisado pelo conservadorismo, sempre um "entretanto" sendo utilizado pelos reacionários. A igreja faz questão de dizer que não somos mulheres de verdade - somos vadias, afinal! O estado não nos defende, embora devesse, embora adore dizer que somos iguais aos homens. Se a teoria e a prática fossem semelhantes, até que muita coisa estaria melhor. Teríamos um estado laico, mas a vinda do Papa e da JMJ só me afirmou que estamos é bem longe disso. Na verdade, acho que estamos mais perto de voltarmos a queimar as bruxas do que conseguir efetivamente um estado laico.<br />
<br />
E todo o foco da Marcha das Vadias se encontra nas imagens quebradas. Todos que são contra a marcha focam seus comentários, xingamentos e "cadê o respeito que vocês pedem" nas duas pessoas quebrando as imagens santas. Eu não quebrei santa e provavelmente nunca quebraria, mas eu entendo o que está entalado na garganta dessas pessoas e entendo o significado que tudo isso tem.<br />
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Cadê o respeito que eu tô pedindo? Olha, eu percebi que não dá para pedir respeito e dar respeito quando não estão em situações equiparadas. E não, a sociedade não me vê da mesma forma que vê a igreja. Querendo ou não (e eu não quero), a Igreja manda na vida das pessoas. Vocês, reacionários, machistas, homofóbicos, religiosos bitolados estão tão preocupados com o gesso jogado no chão que estão ligando o foda-se para o sangue que escorre por conta de seus preconceitos e dogmas todos os dias. Teve gente na Marcha das Vadias quebrando santas? Sim! E os "mini-fetos" distribuídos pela JMJ? Para mim, isso é uma falta de respeito muito maior. Mas é isso que dá quando se tenta falar de respeito com uma religião que já matou e mata aqueles que discordam dela: somos taxadas de malucas, de vadias, de piranhas, de hereges.<br />
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Eu exigi respeito por tanto tempo que cansei. Não dá para mudar um mundo entregando flores para aqueles que me oprimem. Não dá para exigir que me enxerguem como igual quando eu tenho uma relação de respeito (de mão única) com aquele que me oprime. Então, se você se sentiu ofendido por ter suas santas quebradas no chão, vamos lembrar de algumas coisas?<br />
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A primeira delas é a mais obvia: Aquilo alí é apenas gesso. Sua fé não está baseada na imagem que eu sei. Não importa qual é a sua religião, as imagens não são a sua fé. O gesso quebrado no chão é uma representação muito forte, são oprimidos quebrando aquilo que querem que aceitemos todos os dias. Desde pequenos somos ensinados que a religião e a fé é o bem maior: é com o que não se brinca. Pois bem, aquele não é meu deus e eu não adoro aquelas imagens. Quem dera que fosse só me manter afastada disso e isso não teria efeito sobre mim. A questão é que existem rosários enfiados fundos nos meus ovários - e em todo o meu corpo. Para mim, a representação do quebra-quebra de gesso foi exatamente isso: Tirar os valores religiosos de um corpo laico.<br />
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Consideramos falta de respeito coisas bem diferentes. Vocês consideram um beijo homossexual uma falta de respeito. Consideram a quebra de imagens santas uma falta de respeito. Consideram os peitos femininos uma falta de respeito. Sejamos sinceros: qualquer libertação feminina, para vocês, é uma falta de respeito. Antes bruxas; agora vadias! Nunca Maria, sempre Madalenas.<br />
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Já para mim, falta de respeito foi minha mãe ter que escutar dentro da igreja que ela frequenta a vida inteira, que ela teria que se levantar para que os peregrinos da JMJ pudessem se sentar. Falta de respeito, ao meu ver, foi a mulher com a camisa da JMJ olhar de cara feia para um senhor humilde dentro do ônibus e se recusar a sentar ao lado dele. Falta de respeito foram os peregrinos da JMJ que xingaram e ofenderam os casais homossexuais dentro da Universidade Federal Fluminense e dentro dessa mesma universidade, que é livre, laica e plural, depredaram cartazes de coletivos, além de falarem que as meninas precisavam ser salvas (por eles, claro, que são homens e tem o poder de salvar a todxs).<br />
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Falta de respeito foi a igreja católica, que é extremamente rica, gastar o dinheiro do meu país para trazer seu papa para terras brasileiras. Não temos educação, transporte, saúde ou segurança de qualidade, mas temos a alienação do povo em padrão Fifa: futebol e religião.<br />
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Falta de respeito é tentar humanizar algo que pode vir a ser um feto e tornar como monstro a mulher que não quer ser mãe. Falta de respeito é ignorar todo o sangue derramado em clínicas de aborto clandestinas e nos banheiros de casa. Falta de respeito é esquecer o sofrimento da mãe pobre que aborta com agulha de tricô pois não tem mais condições de trazer outro filho para sofrer a miséria.<br />
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Falta de respeito é dizer que a camisinha não deve ser usada - ignorando completamente as milhares de mortes e sofrimentos causados por doenças sexualmente transmissíveis. Falta de respeito é não existir um planejamento familiar e, além de tudo, proibir educação sexual na escola. Falta de respeito é o sexo ser um tabu.<br />
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E agora, a igreja que sempre me oprimiu (e oprime até seus próprios fiéis), que matou e mata, que proibi contraceptivos, que condena as mulheres que não querem ter filhos, que esconde a pedofilia e não se pronuncia sobre ela, que apoiou modelos de estado completamente sanguinários (vide Alemanhã Nazista), que faz propaganda contra o casamento igualitário, que prega que a mulher é inferior ao homem, que o negro é inferior ao branco, que prega um discurso de ódio em relação às outras religiões, principalmente as religiões afro... bem, essa "linda" igreja quer vir falar de falta de respeito com aqueles que estão sendo oprimidos há milhares de anos e não aguentaram mais e quiseram tirar seus dogmas de seu corpo e quebrar no chão.<br />
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Essa igreja não dialoga comigo.<br />
Essa igreja não quer o meu bem - e nem o seu.<br />
Eu sou contra essa igreja, mas se você ainda quer segui-la, apoiar um estado laico permite que você possa. Por que é fácil não ver problema no estado atual quando se é católico ou evangélico. Quando sua religião não sofre preconceito, é fácil achar que o estado laico é algo ruim. É fácil chutar macumba e pedir respeito quando uma santa é quebrada.<br />
E vamos todos combinar: O que é um gesso quebrado no chão quando o sangue de milhares de inocentes mancha a religião dessa maneira?<br />
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Eu apoio a Marcha das Vadias. Eu sou feminista. Eu sou livre. Eu não vou mais aceitar que qualquer igreja imponha seus dogmas na minha vida. Eu quero um estado realmente laico. Eu quero um luto generalizado pelas mortes da Maré e pelas mortes em clínicas clandestinas de aborto, não por manequins da Toulon ou santas quebradas.<br />
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Eu quero humanizar as pessoas e não a matéria.<br />
Talvez eu não quebrasse uma santa... Mas eu entendo quem quebrou!Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06691930365421189725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2309631378606716047.post-73646478761317874232013-07-22T18:11:00.000-07:002013-07-22T18:11:02.735-07:00Foda-se o papa! Cadê Amarildo?! Que lindo esse país receber tão bem o Papa!<br />
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Tudo bem, nosso país não trata bem seus próprios morados. Quer dizer, tem gente sumindo depois de ir "conversar" com a PM, mas quem liga? É morador de favela, com certeza tem ligação com o tráfico (deve ser vizinho de traficante, bisavó de traficante, tio-avó do primo de terceiro grau do vizinho do traficante). Tem gente inocente sendo morta na Maré pela PM, mas o único luto que se formou foi pelas roupas saqueadas na Toulon. Andam dizendo que o bairro nobre teve um dia de Maré sem nem ao menos entender a diferença entre a morte de um ser humano e a depredação de alguns orelhões. Quer dizer... tem mulher sendo estrupada todos os dias e mesmo assim a culpa recaí sobre elas. Hoje mesmo vi, mais uma vez, a mídia querendo justificar a agressão contra a mulher e culpabilizar aquela que está cheia de manchas roxas e traumas permanentes. O negro ainda é confundido com bandido só por ser negro. Existe uma limpeza étnica que ocorre todos os dias nas ruas dos bairros nobres para que a "classe média" não tenha que aturar uma imagem "suja" pela janela de seu apartamento. Se ficamos em casa, aprendemos que não podemos reclamar. "O Brasil nunca vai mudar". Se vamos para a rua, apanhamos, recebemos spray de pimenta na cara, bala de borracha na nossa direção... Quer dizer, enquanto eu crescia todo mundo falava que vivíamos em uma democracia. Que porra de democracia é essa?! Eu não posso ir pra rua cobrar do governo coisas que ele deveria estar fazendo -e, claro, não está. Eu não posso sair na rua pra comprar pão sem o medo de saber se eu vou voltar. Meu país culpa a mulher por ser estuprada, diminui as relações homoafetivas, ainda trata o negro quase como que na época da pós-escravidão. Que porra de democracia é essa que todo mundo se segrega e a polícia, que deveria defender aquele moço que estava na porta de casa vendo o peixe que havia pescado, na verdade só se preocupada com os interesses daqueles que possuem o acúmulo de capital? Dizem que a polícia vem me defender e tudo o que eu quero é saber quem vai me defender da polícia. Agora escuto gente falando que não tem sentido e é uma falta de respeito organizarem beijaços LGBT e mulheres mostrarem o peito perto do papa. Falta de respeito é um casal homossexual não poder se beijar na rua sem correr o sério risco de ser agredido. Falta de respeito é a mulher ter que ser sempre considerada inferior ao homem. Falta de respeito é o negro sempre ser considerado inferior ao branco. Falta de respeito é o que a sociedade prega todos os dias. Agora que o papa chegou, não adianta colocar a sujeito para baixo do tapete. Se não vivemos em um país laico na prática (afina, gastar dinheiro público para manter aqui um líder religioso não é missão de um país laico), então temos que lutar pela laicidade ainda! E essa luta é SIM questionando e "chocando" aquele que vem para nos mostrar como o nosso país quer esconder a sua população. Quer esconder os negros, os pobres, as mulheres liberais, os gays. O meu país, que recebeu tão bem o papa, não me recebe bem no dia-a-dia. Não recebe você bem. Não recebe bem aquele que aplaude o papa. Por que o meu país só anda recebendo bem quem tem dinheiro, quem não vai contra ele e quem não questiona os preconceitos sociais existentes.<br />
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Obrigada Papa, por mostrar para mais gente a varredura que anda acontecendo nas ruas do Brasil, mas, sinceramente, não ligo se você está sendo bem ou mau tratado aqui. Falaram que "O Papa não tem culpa"... Mas o Papa diz que é pelos pobres e pelos necessitados. Tem gente necessitando aqui! Tem MUITA gente necessitando aqui. Então, por que esse país tão caloroso não pegou o dinheiro que trouxe o papa e redistribuiu para ajudar esse povo carente? Esse povo trabalhador que carece de atenção?! O Papa, que é líder religioso da igreja católica (e não é preciso dizer o quão rica ela é), não tem condições de bancar a JMJ?<br />
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Fé é lindo, mas de nada adianta se o povo não tiver um pão na mesa e a liberdade de pensar e ser.<br />
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Mas não se preocupem... O Papa abençoará a todos!Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06691930365421189725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2309631378606716047.post-53983250300039010702013-07-18T10:40:00.001-07:002013-07-18T10:40:26.167-07:00"Nada mais parecido com um machista de direita do que um machista de esquerda" <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEog8_4_ozy7LIQnN6A8QT3iLs67ZuBZ8rxrMa0GVqkutLilFnnQNfHF5HaHOFN_1mV8hxSjN6jwLZ_MMzKaFXD91iEe0SDGTsyBaUoAv1oNOQutTeB2UryAVm0e5FvcnduMDH4vPbAY_P/s1600/Tico+Santa+Cruz.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEog8_4_ozy7LIQnN6A8QT3iLs67ZuBZ8rxrMa0GVqkutLilFnnQNfHF5HaHOFN_1mV8hxSjN6jwLZ_MMzKaFXD91iEe0SDGTsyBaUoAv1oNOQutTeB2UryAVm0e5FvcnduMDH4vPbAY_P/s1600/Tico+Santa+Cruz.jpg" /></a></div>
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<i>Quando o machismo vêm escondido de "eu não sou machista". </i></div>
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Acredite: existe machismo até onde não vemos. Peguei essa postagem do Tico Santa Cruz para ilustrar algo que acontece diariamente. Ter visão política, posicionamento e ideologia não é sinônimo de estar livre do machismo. </div>
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O que vejo diariamente nas redes sociais e na vida são pessoas que resolveram se politizar graças às manifestações que aconteceram e estão acontecendo no Brasil. É o tal do "gigante" que acabou de acordar. Essas pessoas, entretanto, não querem aceitar que, para estarem dormindo tanto tempo, estão em uma posição de conforto. É fácil permanecer dormindo quando você vive em uma sociedade que te favorece de todos os lados. Então, se você é branco, hétero, classe média e homem: dormir não é tão difícil para você. </div>
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E eu até entendo você querer dormir. Se eu não tivesse conhecido a realidade do meu mundo, talvez eu também quisesse dormir. A questão é que eu nasci mulher numa sociedade que prega o desprezo e a inferioridade do sexo feminino e não, eu não consigo mais fechar os olhos para isso. Só que ai está: Você não precisa ser uma minoria para lutar por ela e com ela. </div>
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<br /></div>
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Então, o gigante, que acordou agora há pouco (e já adormeceu em uma parte, afinal, as ruas voltaram a estar quase vazias e as pessoas voltaram a reclamar das ruas fechadas pelos protestos) resolveu que quer lutar por algo. Seja bem vindo às lutas sociais, gigante, mas sente para entender um pouco sobre a causa da mulher, dos negros, dos homossexuais, dos transsexuais. </div>
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As pessoas apareceram sedentas por uma mudança política (que eles não sabiam direito o que tinha que mudar, então começaram a gritar que tudo tinha que mudar - sem saber o que seria esse "tudo"). E mudança política é extremamente preciso! E no meio da confusão, começaram a expulsar do movimento (ou tentar) aqueles que estavam acordados enquanto muitos curtiam o sono de beleza. Primeiro foram as bandeiras vermelhas, depois as coloridas e cheguei a ver bandeiras lilás no fogo. </div>
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Vi pessoas que sempre desmereceram a minha causa feminista irem para as ruas. Vi pessoas racistas irem para as ruas. Vi pessoas que falaram que "lugar de índio é na selva" irem para as ruas. E com essa "politização" repentina e generalizada, as pessoas esqueceram de enxergar que existe algo chamado "social". Ali, no meio da luta esquerdista, no meio das manifestações por melhoras do transporte, saúde e educação, existe uma luta pela igualdade. Igualdade de gênero, racial, sexual. Igualdade. </div>
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Sempre vi pessoas que são militantes de esquerda e extremamente machistas. É como aquela frase: "Nada parece tanto com um machista de direita do que um machista de esquerda". É que, até dentro da esquerda, as mulheres ainda são tratadas com inferioridade. A nós foi encarregado o papel da casa, das crianças e de manter limpos, alimentados e cuidados os homens que são da esquerda. Infelizmente, ser parte de uma luta social e por igualdade não faz com que as pessoas enxerguem todas as formas de opressão. O proletariado enxerga que é oprimido, se organiza em forma de partidos e sindicatos, mas muitos ainda não conseguem enxergar que a proletária é oprimida primeiro por ser mulher e depois por ser proletária (dando um plus a isso se ela for negra e homossexual). </div>
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Um homem, proletariado, da luta esquerdista, da rua, ainda é capaz de ter uma "escrava do lar" e não perceber que isso é opressão - ou preferir não perceber. A questão feminista vai muito além da questão política - embora ambas as questões andem de mãos dadas boa parte do tempo. Só que a opressão feminina é muitas vezes naturalizada. "O papel da mulher é cuidar do lar", pois grande parte da sociedade não consegue enxergar a mulher como algo além de mãe, esposa e dona do lar. </div>
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<br /></div>
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E enquanto ocorre a opressão com a mulher que tem que ficar dentro de casa, sendo objeto de decoração do marido, ocorre também a opressão para a mulher que não é casada, que é livre, que é "vadia". Chegando, então, ao ponto do Tico Santa Cruz. O que diferencia a mulher de um objeto, Tico? Eu respondo a essa sua dúvida: Não há o que assemelha a mulher de um objeto. Já pensou em trocar os papéis dessa pergunta? O que diferencia o homem de um objeto? Aí é que está: O homem não é objetivado. O homem é o patamar mais alto da sociedade, certo? É isso que as pessoas falam todos os dias. O homem, por ser homem, é um ser humano. Agora, a mulher tem que pensar o que vão pensar se ela pintar o cabelo, se ela falar um palavrão, se ela sair pra se divertir, se ela usar a roupa que quer... Por que se ela se mostrar livre, ela será caracterizada como um mero objeto.</div>
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<br /></div>
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Objeto de decoração para a casa ou objeto de desejo. Diariamente a mulher é vista e retratada pela opressão masculina como diversas formas de objeto. "Aqui, do lado desse quadro, ficaria lindo uma mulher com uma lata de cerveja para mim"; "Aqui, do lado desse aparelho de academia, ficaria perfeito uma foto de mulher pelada". Não sou eu, mulher, que me considero um objeto. Eu sou tão humana, livre e capaz quanto qualquer homem. Só que vivo em uma sociedade que quer a mulher calada, reprimida e pronta para saciar todos os desejos masculinos. </div>
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<br /></div>
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E quando eu, mulher, abro a boca, abro minhas algemas e começo a gritar por mim e pelas outras, sou vista como vadia, mal comida, feia... FEMINISTA!!!! "Por que você é assim, tão... feminista?" Querido, se você não é, eu não consigo entender qual o seu problema. O que me diferencia de um objeto, Tico - e todos os que concordaram com a fala dele - é que eu sou mulher. Ponto. Não há preciso muita coisa para explicar a diferença, ou você tem algum problema que te impede de diferenciar um ser humano de uma xícara? Por que, se tiver, não sou eu que irei te curar - acho que um médico talvez possa fazê-lo. </div>
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<br /></div>
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As falas ensaiadas por uma militância excludente são, em grande parte, agradáveis de serem lidas. Elas falam o que a maioria quer escutar. Ninguém quer escutar que a mulher está lutando pela liberdade de deixar de ser dona de casa quando não deseja ser. Ninguém quer escutar que o negro quer parar de ser confundido com bandido todos os dias na rua. Ninguém quer escutar que o casal homossexual é idêntico e tem os mesmos direitos que um casal heterossexual. Por que tudo isso mudaria o mundo, tudo isso causaria uma confusão e o "gigante", que diz que acordou, na verdade adora a calmaria da sua cama. </div>
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<br /></div>
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Se você tem uma militância construída pelo tempo e com causas verdadeiras: Sempre é tempo de aprender e agregar. Todos os dias eu aceito que tenho que aprender sobre as outras lutas sociais além do feminismo e trazê-las para perto. Se o que buscamos é igualdade, precisamos lutar não somente por aquilo que nos afeta e oprime, mas lutar também por aquilo que oprime nosso semelhante. </div>
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<br /></div>
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Se você acordou agora, junto com o gigante, e gostou do sabor da rua: Seja bem vindo e espero que tenha paciência e cabeça aberta para aprender sobre as lutas sociais que estão na rua há tempos buscando direitos e igualdade. </div>
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<br /></div>
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Agora, se você acha que sua militância está perfeita da maneira que está, algo está errado. O mundo muda constantemente, novos casos são trazidos a tona e muitas outras formas de opressão aparecem para que nós combatemos. É esse o nosso papel, a partir do dia em que enxergamos as amarras invisíveis que colocaram em nós. </div>
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E não se assuste ao ver um texto dito como "igualitário" com alguma forma de preconceito. Às vezes, a opressão vêm do nosso lado. </div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06691930365421189725noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2309631378606716047.post-21739281769785790972013-06-22T14:07:00.002-07:002013-06-22T15:12:53.946-07:00Pra não dizer que eu nunca falei de amor<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoc0ZPU7yXIpqOiAWPZafcucPnA3hFTQ3PSc7JyFqdRfnwcQun6pnnbDFeH7X-SE-IFjMKQRA7Yq5_iiQfPdC4D_M9tFBMYh8kcrHDme4EFvLlzEOX_PlG9_W4XsujnZS5iZ6-2mo-lSZ7/s1600/00ckrcp2_large.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoc0ZPU7yXIpqOiAWPZafcucPnA3hFTQ3PSc7JyFqdRfnwcQun6pnnbDFeH7X-SE-IFjMKQRA7Yq5_iiQfPdC4D_M9tFBMYh8kcrHDme4EFvLlzEOX_PlG9_W4XsujnZS5iZ6-2mo-lSZ7/s1600/00ckrcp2_large.jpg" /></a></div>
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Acho que nunca me ensinaram a escrever uma carta de amor. Bateu vontade agora. Conhece essa vontade de colocar no papel (ou na tela do computador) todos os sentimentos que guarda no peito? Então. Deu vontade de escrever uma carta de amor. Tá faltando destinatário, só tenho remetente. Eu. Eu to enviando essa carta e eu ainda não sei para qual endereço. Talvez eu a deixe se perder pelos Correios, iguais as cartas para o Papai Noel. Até que não é má ideia; vou endereçar para o Polo Norte! (ou será polo sul? Nunca soube). Vai que uma dessas boas almas peguem a minha carta e resolvam me dar o presente que peço. O que eu peço? O amor. Uma carta de amor sem destinatário e sem conteúdo? Prazer… eu! Sou o remetente, mas no fundo não remeto nada. Não tenho o que dizer, só quero ir falando essas palavras sem nexo, sem sentido. Uma carta estranha vai se formando e eu ainda não imagino para quem endereçar. Quem vai ler? Você tem coragem? Se tiver, venha cá, te dou um abraço apertado, um beijo, um carinho, um cafuné. Até café eu aprendo a fazer, se você for um desses clichês. Se você quiser, faço bolo, torta, almoço, café da manhã, janta. Se preferir, morremos de fome embaixo da ponte, tudo bem, tudo não fica melhor quando se tem amor? Será? To afim de descobrir. É boato ou é mágica isso que acontece quando nos apaixonamos? Hey, você que pegou essa carta dentro de uma garrafa jogada no mar no meio do carnaval, me responda: amor vale a pena? Talvez valha, né? Talvez o ruim não seja o amor; seja amar! O amor nunca se fode, afinal. Quem se fode é a gente, que se entrega a ele, que busca por ele, que morre por ele. Se não morre de suicídio, morro de assassinato. Ele nos assassina todos os dias, a cada romance mal resolvido, a cada briga, a cada lágrima. Maldito! Ou querido? Não sei! Você que está lendo essa carta poderia me responder né? Pra quem eu enderecei isso aqui? Será que o amor vai bater na minha porta antes de eu terminar de escrever, me pegar pela mão e me levar pra dançar? Coitado, tenho dois pés esquerdos e nem sei rebolar. Talvez dançar não seja uma boa ideia para o amor. Mas é isso, mesmo na dúvida se amar é bom ou ruim, to afim de doar meu amor pra quem prometer cuidar dele direitinho. Confesso que não sei passar roupa, mas o contrato é de namorada (esposa, ficante, amante, o que se encaixar na sua vida melhor) não de empregada. Promete ser quente? Tá tudo tão frio ultimamente. Acredita? Frio no meio do Rio de Janeiro fazendo 40 graus. Ai esse Rio 40 graus… Mas aqui dentro tá frio, aqui no peito, sabe? Então, vem esquentar? Se preferir me manda uma carta em resposta com um formulário e eu preencho. Vai que dá certo, não é? Seria uma bela história para contar aos nossos filhos. Então é isso, ninguém bateu na porta até agora para me chamar pra dançar e eu duvido que o Papai Noel me arranje um namorado de presente (afinal, o trenó já está cheio). Mas eu escrevi. Não tem destinatário, nem assunto, nem amor. Mas tô procurando. Se achar, me avisa.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06691930365421189725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2309631378606716047.post-13003598292357238082013-06-02T13:33:00.001-07:002013-06-22T15:13:59.622-07:00Misoginia coletiva<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Imagine uma sociedade que obriga as mulheres a se odiarem. Enquanto os homens curtem a saída do trabalho em um barzinho, conversando e sendo amigos de verdade, as mulheres são obrigadas a serem falsas umas com as outras. Você consegue imaginar essa sociedade que coloca um dos gêneros como desleal com seus semelhantes? Uma sociedade que obriga que todas as amizades entre mulheres seja falsa, interesseira e passageira. Uma mulher é obrigada a elogiar outra, mas criticá-la fervorosamente por trás. As mulheres também são ensinadas a se vestir, portar e falar (além de aprenderem, desde cedo, a criticar qualquer outra mulher que não siga as normas padrões que a sociedade criou). Se você nasceu mulher nessa sociedade, bem, meus pêsames. A partir de agora você será obrigada a aprender a identificar estupradores na rua e técnicas de proteção, talvez seja bom fazer um curso de defesa pessoal. Você tem que se defender de todas as formas de possíveis abusos (sexual, psicológico, físico). Roupas curtas estão terminantemente proibidas, você não pode levantar a voz para seu pai/marido, você não pode negar sexo para seu parceiro, você não pode sair para beber sozinha, não pode andar sozinha na rua deserta, não pode voltar para casa de madrugada (muito menos desacompanhada), não pode escolher não casar ou não ter filhos. Você, que nasceu mulher nessa sociedade, está obrigada a se relacionar com um homem e ter filhos. Tem que casar. Você, por ter nascido mulher nessa sociedade, só será completa quando descobrir a maternidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Você consegue imaginar essa sociedade? Não estou falando que os homens não têm obrigações, mas eles têm algo que foi roubado das mulheres: Liberdade.</div>
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<br /></div>
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É. Essa sociedade é a nossa. Uma sociedade que ensina que uma mulher não pode gostar (ou defender) outra. Uma sociedade que ensina que adjetivos como "piranha", "vadia" e "puta" devem ser utilizados diariamente e para classificar (quase) todas as mulheres. Afinal, qual foi a última vez que você chamou alguém por esses três belos nomes? Você lembra o motivo? Vou te ajudar. Releia o primeiro parágrafo do texto e veja se você já encaixou um desses adjetivos para mulheres que foram contra essa sociedade. Vadia é a mulher que sai na rua sozinha, a mulher que se relaciona sexualmente com vários homens (ou mulheres, ou ambos). Puta é a mulher que anda de roupa curta, que volta da balada de madrugada, que vai pra casa sozinha depois do trabalho/faculdade/curso. Piranha é aquela mulher que não quer casar e, muito menos, ter filhos, é a mulher que desafia o patriarcado dentro de casa.</div>
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<br /></div>
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Eu cresci escutando que "amizade entre mulheres não é verdadeira". Confesso que carreguei isso como verdade durante muito tempo (tempo demais até). Aprendi que não poderia confiar completamente no elogio de uma amiga, pois assim que eu virasse as costas ela poderia criticar o meu cabelo, a minha roupa e a minha maquiagem. Afinal, mulher é invejosa. Será? Será mesmo que a mulher tem a incapacidade de se sentir bem por outra? Será que, obrigatoriamente, toda amizade entre mulheres tende ao fracasso, pois duas mulheres nunca conseguirão conviver plenamente e em harmonia? A minha sociedade me ensinou que somente o homem é confiável, mas só se eu também for um homem. É que também fazem questão de me dizer, todos os dias, que não existe amizade entre homem e mulher; o homem sempre vai querer abusar da mulher. Por isso que homens só dizem ser amigos de mulheres bonitas. Pra que eles chegariam perto das feias?</div>
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É. Minha sociedade, a nossa sociedade, ensinou-me que a mulher deve ser sozinha. Não pode confiar em ninguém. Amigas são falsas, amigos são tarados. Em um momento da vida, provavelmente na adolescência e na igreja, a mulher encontrará um homem para namorar e futuramente casar. Fluxo da vida. Se o seu marido te trai, a culpa nunca deve ser atribuída a ele. O motivo? A sociedade nos ensina que a culpa é sempre da mulher. Da roupa curta, das pernas de fora, do batom vermelho, da sombra preta, da forma como ela olhou para o homem, da maneira como ela se sentou no bar, pelo fato de estar bebendo. A mulher, por ser mulher, deve ser culpada.</div>
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O reflexo desses ensinamentos eu vejo diariamente. Vejo quando uma mulher foge do que lhe foi imposto, exerce sua liberdade e, graças a isso, é classificada como puta, vadia ou piranha (derivados também podem se encaixar). Vejo quando duvidam da felicidade de uma mulher que resolveu não ter filhos. É nosso slut shaming de cada dia, que diz que a mulher tem que ser mais controlada sexualmente que o homem. É quando falam que não é "natural" uma mulher ter desejo sexual, aceitar isso e praticar sexo livremente. É quando falam que uma mulher lésbica ou bissexual só o é para chamar atenção dos homens. Afinal, o que é mais sexy que uma mulher-fetiche?</div>
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A sociedade ensina pra mim, pra você e pra todos que a cultura legal de se aprender é a cultura do estupro. Somos ensinados, todos os dias, que o estuprador, na maioria das vezes, só cometeu o crime por que foi seduzido pela mulher que, na hora H, resolveu dar pra trás e agora fica falando que foi estuprada. Aprendemos, desde sempre, que mulher tem que se dar ao respeito.</div>
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Nasci mulher em uma sociedade que prega o desprezo pelas mulheres.</div>
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Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06691930365421189725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2309631378606716047.post-54895668330135475892013-04-28T12:42:00.000-07:002013-06-22T15:15:24.859-07:00Não teremos pau no cardápio hoj<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="text-align: justify;">Agora eu vou colocar minha voz na mesa.</span></div>
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Já fazia um bom tempo que eu não escutava alguém falar que feministas são mulheres que querem agir como homens. Até hoje. E hoje, esse comentário teve outro efeito em mim. Logo me veio no pensamento a expressão: Colocar o pau na mesa. Só que hoje, nenhum pau, nenhuma boceta, nenhum peito será servido. </div>
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Eu, mulher, sou firme na minha posição, sou firme na minha voz e tenho convicção dos meus pensamentos: <i>Calem a boca que ela está colocando o pau na mesa</i>. Não, não estou. Eu, mulher cis, não tenho e nunca tive um pau para pôr sobre a mesa. Minha opinião não é formada pelo meu órgão genital, então não é ele que tem que ter voz. </div>
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A questão é que eu não sou homem - e não o quero ser. Eu nasci com genitália feminina e com identidade de gênero feminina. Isso é parte de mim e é parte da qual não abro mão. Entretanto, isso não me define e muito menos me limita. Nascer mulher não é um defeito, um azar ou uma condenação. Assim como nascer homem não é uma dádiva. Nascemos humanos e o que deve ser levado em consideração é a maneira como seguimos nossas vidas. </div>
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A luta que sigo, todos os dias, é a luta pelo feminismo. A luta por uma sociedade sem o machismo, a homofobia, o racismo, o sexismo, o cissexismo, a transfobia e todas as formas de violência, agressão e preconceito. Eu quero uma sociedade que enxergue o homem, a mulher e todas as outras representações de gênero de maneira igual. E isso não quer dizer que eu, mulher, queira ser tratada como homem. Sou mulher e isso não é uma vergonha, não é algo que eu queira mudar. Eu quero ser tratada como mulher, mas antes disso quero que a mulher seja tratada com igualdade. </div>
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Hoje, eu não colocarei meu pau na mesa, nem minha boceta, nem meus peitos. Hoje, colocarei minha voz. </div>
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<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06691930365421189725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2309631378606716047.post-84251678738422393422013-04-19T18:17:00.001-07:002013-06-22T15:18:28.752-07:00A voz da minha vizinha #1<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<i>A voz da minha vizinha é a voz que eu escuto ecoando pelo espaço que vivo, estudo, moro. É aquele comentário racista, homofóbico, misógino que escutei enquanto comprava pão. É aquela "briga familiar" que ocorreu na mesa do almoço de domingo e que, no final, todos fingem que nada aconteceu ali de memorável. Todos seguem a sua vida normalmente, como se as palavras que ali foram jogadas simplesmente não existissem. Você passa pelo posto de gasolina e escuta uma pessoa falando que homossexuais merecem apanhar e a reação do mundo é concordar com a cabeça. Dez minutos depois... sumiu. O comentário, as pessoas. Você almoça com conhecidos e escuta um deles falando que está de acordo com a mulher trabalhar, desde que não deixe de fazer a janta da maneira que ele gosta. Dez minutos depois... sumiu. O que resta em todos esses casos é a indignação sentida no peito de quem tem uma pequena noção desse mundo assustador que vivemos, onde as diferenças não são nem um pouco respeitadas. </i><br />
<i><br /></i>
<i>A voz da minha vizinha é a voz que se prendeu no meu raciocínio por mais de meia hora, enquanto esperava o ônibus ou enquanto tentava dormir. São as palavras que eu não consegui digerir - nem responder. Talvez seja o senso comum. Maldito senso comum. Essa voz, a da minha vizinha, diz palavras que são, normalmente, interpretadas como: "não adianta tentar mudar, o mundo é assim, aceite." Pois bem, não aceito, não engulo e não me calo. Se o mundo é assim, vamos mudá-lo. Se a cultura é assim, vamos transformá-la. Por que a voz da minha vizinha não pode ser vista como a voz de uma sociedade inteira enquanto o discurso dito for um discurso de ódio, preconceito e segregação. </i><br />
<br />
<br />
<i><b>A voz da minha vizinha diz*:</b></i> <b>Olha, eu não queria falar nada não, mas que luta vazia essa a de vocês. Sério. Antigamente, mulher não votava, não podia trabalhar fora, não podia usar calça. Agora, nós podemos. Nós somos livres! O que mais vocês querem? Que direitos a mais vocês querem? Já somos iguais aos homens, há outros motivos para se protestar. Olha a corrupção correndo solta por aí, vai lá pra rua fazer protesto contra isso. Agora, isso vocês não querem né? Acham muito melhor ir para as ruas, na frente de todo mundo, deixar os peitos de fora. Vocês não querem direitos iguais, vocês querem o direito de ficarem mostrando suas saliências para o mundo todo ver. É uma luta vazia, pois já lutaram pela igualdade antes. Não tem mais o que lutar (!!!). O que vocês querem é vantagens, privilégios. Não basta uma lei que defende a mulher da violência? Não basta?! O que mais vocês querem, afinal? Andar todos os dias com os peitos de fora e gritando? Agindo iguais a... homens?! Quando vocês não estão agindo iguais a homens, estão agindo iguais a vadias. E o pior: Vocês se orgulham disso. Fizeram uma marcha sobre isso. Vocês banalizam a luta das mulheres de antigamente. </b><br />
<br />
<br />
Antigamente, mulher não votava, não podia trabalhar fora e não podia usar calça. Eu fico imaginando que, naquela época, a grande maioria das pessoas viravam para as mulheres que estavam reivindicando seus direitos e falavam basicamente o que essa minha vizinha falou. Qual o motivo de você querer votar se o seu marido/pai já o faz por você? Você não vai querer ter uma opinião diferente da do homem da casa, não é? Então, qual o motivo de você votar se o seu voto já está representado no voto de um homem? Calça? Usar calça é para os homens, mulheres também tem vestimentas que os homens não usam: as saias. Não há motivo algum para misturar esses dois mundos (tão distintos). E trabalhar fora?! Que absurdo. Vai dizer que o seu marido não é homem o suficiente para sustentar você e seus filhos? Mulher trabalhar fora é uma vergonha para a família.<br />
<br />
Argumentos vazios existem em todos os momentos para diminuir um movimento. Se ontem não podíamos usar calça, trabalhar fora e votar, hoje ainda temos direitos podados sim. Talvez não lá na lei, que adora falar que somos todos iguais (mas igualmente adora fazer diferença entre nós). Esses dias li sobre uma mulher trans que foi presa por estar com uma blusa transparente e colocada em uma prisão masculina. Somos todos iguais mesmo? Somos vistos da mesma maneira? Não. Somos adequados à lei da maneira mais favorável. A mulher trans foi presa por um ato que afirma que ela é mulher, mas foi punida como se fosse um homem. A justiça não nos enxerga como iguais e, muito menos, vê nossas diferenças. Se ela, que diz que somos iguais, não nos enxerga como tal, imagina essa sociedade que adora segregar? Você entra em uma escola mais "tradicional" e vê filas onde todos os garotos estão na direita e todas as garotas na esquerda. São os detalhes que mais fazem a diferença nessa naturalização da segregação (e de tantas formas de violência).<br />
<br />
É fácil se acomodar com a desigualdade quando não é você que está sentindo a violência e a segregação. Quando não é a sua filha que foi estuprada, quando não é a sua neta que tem medo de sair de casa de noite, quando não é a sua sobrinha que foi chamada de piranha. Quando não foi você que tirou foto pelada e mandou para um namoradinho e esse mesmo namoradinho publicou na internet, é fácil apontar o dedo e falar que é tudo piranha. É fácil demais! Tão fácil que as pessoas estão preferindo fechar os olhos para as enormes atrocidades que estão acontecendo e estão decorando esse discurso de que a luta da mulher é uma luta vazia.<br />
<br />
E será que somos realmente livres? Eu não me sinto assim. Vivo em uma sociedade que culpa a vítima. A garota é estuprada e vêm um professor falar na frente da turma inteira que é preciso analisar a roupa que a garota estava vestido, afinal ela poderia estar pedindo por aquilo. Ser chamada de "gostosa" e derivados na rua já é tão natural que as pessoas demoram para enxergar (e aceitar) que isso é uma violência. A mulher não pode ir para um bar beber sozinha que logo todos vão interpretar que ela precisa que alguém sare sua solidão (e de preferência a arraste daquele lugar mesmo que ela diga que não quer). Voltar a pé da balada de madrugada é ganhar um plus na preocupação de ser assaltada; agora você também tem que se preocupar se será estuprada - e morta. Roupa curta é sinônimo de "local público, pode passar a mão". E ouse não sorrir... o agressor achará ruim e pode te agredir mais ainda. Só que, fiquemos todas calmas, somos livres!<br />
<br />
Que liberdade é essa que me põe medo todas as vezes que me arrumo para uma festa? Que liberdade é essa que coloca a culpa na vítima? Que diz que ela estava querendo, que a roupa dela demostrava que ela não "se dava ao devido respeito" e, por isso, merecia o ato de crueldade que foi praticado contra ela? Que liberdade é essa, minha senhora? Eu tenho somente a liberdade de ser igual a massa, igual aos padrões que são ditos e reafirmados todos os dias na sociedade. Sou homem ou sou mulher. Sou heterossexual. Sou branca. Sou religiosa. Sou e estou sempre calada! Se eu for contra isso, a liberdade se torna uma arma contra mim. Se eu for uma diferença, uma minoria, eu não tenho o direito de ser o que sou. Então, querida vizinha, que liberdade temos se só é possível ser livre em metade da vida, nunca por completo? Só é possível ser livre se você não sair dos moldes? Isso não é liberdade e, muito menos, igualdade.<br />
<br />
Meus peitos. Meus. Minha posse, meu corpo, minhas escolhas, minhas regras. Peitos. Parte do corpo que é comum em homens e mulher e em todas as outras identidades de gênero. O homem sente mais calor que a mulher? Não! Então, por que ele pode sair sem blusas e eu sou criticada se amamento meu filho em público? O peito é o mesmo, o tamanho se tornou uma ofensa agora? Por que, se assim o fosse, a censura não tamparia os meus mamilos com uma tarja preta. Meus peitos não são uma ofensa, então não os sinta como tal. A questão é que eu descobri (embora a sociedade tente esconder a todo modo) que o meu corpo tem somente um dono: Eu! E se eu sou a única dona do meu corpo, eu tenho o direito de fazer dele o que bem entender e andar com as roupas que eu quiser sem que isso me deixe a mercê de estupros, violências e etc. Não há problema algum em uma mulher, no Brasil, mostrar os peitos. Globeleza no intervalo do desenho do seu filho? Pode! Bruna Surfistinha ser quase um filme pornô? Pode! (E nada contra Globeleza ou Bruna Surfistinha). Agora, amamentar em público? Uma aberração! Afinal, por que você precisa ficar colocando essas tetas para fora? Manda o seu filho guardar a fome para quando você estiver em um lugar onde ninguém veja seus peitos murchos. A questão é o peito feminino só é aceito em forma de mercadoria, em forma de submissão. Só é aceito quando é para causar humilhação. Quando a mulher está com os peitos de fora por que QUER, ah, ai ela é piranha, vadia e a ação é "atentado ao pudor".<br />
<br />
Maria da Penha Maia Fernandes. Agredida pelo marido. O marido deu um tiro nela que a deixou paraplégica. O crime chegou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos e, pela primeira vez, foi julgado como um crime de violência doméstica. Entre todas as milhares de coisas que há para serem ditas sobre a violência doméstica, uma é a que vou frisar aqui: A grande maioria dos casos de violência doméstica são cometidos contra a mulher. O Femicídio é alarmante e não dá para esconder o fato de que a maior parte de suas ocorrências é em caso de violência doméstica. Quantas mulheres são assassinadas, estupradas e feridas todos os dias pelos seus maridos, companheiros, ficantes, pais, avós, parentes? Inúmeras, milhares, mulheres demais! A Lei Maria da Penha não é um privilégio, é o direito de defender as mulheres!<br />
<br />
O que é ser vadia? Vejo as pessoas "xingando" de vadia as mulheres que se vestem da maneira que querem, que vivem livremente sua sexualidade, que fazem escolhas por contra própria. São as mulheres independentes, que buscam sua liberdade. Se ser vadia é ser livre, então somos todxs vadias!<br />
<br />
Certa vez, na Universidade de Toronto, um policial foi fazer um discurso sobre o grande número de estupros que estavam acontecendo. Em sua fala, ele disse que as mulheres tinham que parar de andar como vadias (sluts) e, assim, os estupros cessariam. A culpa, então, é da mulher? A culpa é da roupa que provocou? A Marcha das Vadias (SlutWalk) é um protesto de repúdio à violência contra a mulher, ao machismo, ao preconceito, à culpabilização da vítima. Para aquele policial (e para milhares de pessoas), vestir-se da maneira que deseja é motivo para ser caracterizada como vadia. E como é dito (e eu já disse, mas adoro repetir): Se ser vadia é ser livre, então somos todxs vadias!<br />
<br />
Então, querida vizinha, o feminismo não é uma luta vazia. Há muito ainda pelo o que se lutar. A violência está estampando a capa de todos os jornais. A desigualdade e a segregação está espalhada por todos os cantos. Não está bom como está e não está na hora de ficarmos paradas. Eu, mulher, sou livre para ser o que quiser e quero que essa liberdade seja respeitada. Quero andar na rua sem medo, quero me vestir da maneira que eu quiser e quero fazer minhas escolhas sem ter o dedo apontado para mim todos os dias. Eu, mulher, resisto!<br />
<br />
<br />
<br />
<i>*Eu não escutei isso, necessariamente, de uma vizinha. O que importa é que escutei de alguém.</i>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06691930365421189725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2309631378606716047.post-69106912458762835742013-04-15T20:44:00.002-07:002013-06-22T15:18:54.037-07:00Levou o meu coração e nunca mais voltou<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Isso não é um texto sobre o que foi amor.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Certa vez li que isso seria "arrumar o quarto do filho que já morreu".</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">É olhar para o lado e não encontrar.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">É olhar pra trás e ver que está distante.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">É a ausência de um abraço,</span><br />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">um apelo por um aconchego.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">É aprender a conjugar os verbos no passado.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Como se fala mesmo quando algo ainda vai acontecer?</span><br />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Esqueci.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">É ter que fechar os olhos para enxergar.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Olhos abertos já não captam nada.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">É aquela blusa velha, suja, rasgada que você não abre mão.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Um cordão que não sai do pescoço.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Uma frase melancólica escrita e reescrita em todas as agendas.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Sem destinatário.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">É escutar Tim Maia,</span><br />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Zeca Pagodinho.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">É o colarinho da cerveja.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Agora só bebo sem essa espuma branca.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">É questionar a fé, a igreja, o médico, o amor.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Cadê? Quem me roubou?</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">E, pra mim, é aquela velha disputa vasco e flamengo.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Isso não é sobre o que foi amor.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">É sobre o que sempre será amor.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">É sobre a saudade.</span>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06691930365421189725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2309631378606716047.post-12052190227250791782013-04-15T20:43:00.002-07:002013-06-22T15:19:23.472-07:00Eu sou um direito humano<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Eu sou muitas coisas e deixo de ser várias todos os dias. </span></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu sou branca, negra, índia, oriental. </div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu sou hétero, bissexual, homossexual.</div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu sou católica, umbandista, budista, ateia. </div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu sou feminista, humanista, humana. </div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu sou da tolerância, do respeito, da diversidade.</div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
E não me envergonho de ter várias faces, vários jeitos, vários rostos, vários tipos. </div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Sou uma diferente a cada dia.</div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Em cada dia eu adoto um ser diferente.</div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu me orgulho de conseguir ser diferente.</div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu me orgulho de respeitar quem é ainda mais diferente.</div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu sou muitas coisas, sou muitos dias, sou muitas vidas. </div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu sou muitas vontades, muitos desejos, muitos sonhos.</div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu sou alguns tropeços, muitos erros, muitos pedidos de desculpas.</div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu sou uma incerteza sem fim, talvez termine, talvez perdure. </div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu sou mortal, eu sou humana.</div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Dizem que eu sou mulher, mas vai que, em algum universo paralelo, eu seja um homem.</div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Vai que eu seja transsexual. Vai que eu seja um animal. </div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Irracional. </div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu poderia ser tantas coisas que nem sei direito o que eu sou.</div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu poderia ser respeitada, mas parece que estamos nos afastando disso.</div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu poderia ser livre, mas parece que andam querendo cortar minhas asas. </div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu poderia ser só amor, mas ando recebendo pancadas de ódio.</div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Só que, de tudo o que sou, algumas coisas eu nunca seria.</div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu nunca serei um "câncer gay".</div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu nunca serei uma "amaldiçoada". </div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu nunca serei uma "aberração". </div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu não fiz a "escolha" da minha sexualidade.</div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu não tive o "azar" da minha cor. </div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu não estou "atrapalhando a constituição da família".</div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu não sou machista, homofóbica e racista. </div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu não sou essa piada do "Direitos Humanos"</div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu não sou Marco Feliciano</div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
E Marco Feliciano não me representa</div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
(e nunca representará nenhuma das milhares de coisas que posso ser)</div>
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06691930365421189725noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2309631378606716047.post-44802419666021261522013-04-15T20:41:00.005-07:002013-06-22T15:22:42.911-07:00Ao infinito e eterno além<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpmZKiYcQKbCmt8ivm-x6mEyppVrzKTeI6RI111wQzYmkzK83xSK0D5WaF9GyojKMLAxHsjqGqkLuV7Cy7GUM3LJq-5V6W67KcU4djDwgQ6ZxcekfsZ8nLpnTCMXYpyol9OHDSc2eXO2M0/s1600/CAM00067.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpmZKiYcQKbCmt8ivm-x6mEyppVrzKTeI6RI111wQzYmkzK83xSK0D5WaF9GyojKMLAxHsjqGqkLuV7Cy7GUM3LJq-5V6W67KcU4djDwgQ6ZxcekfsZ8nLpnTCMXYpyol9OHDSc2eXO2M0/s640/CAM00067.jpg" width="480" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Por um dia das mulheres que nunca termine.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Se ontem nós recebemos flores, o que recebemos hoje?</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">O dia da mulher, teoricamente, já passou. Só que eu não aceito para mim somente um dia. Não aceito um dia feito para mim, embora entenda sua complexidade e seu significado. Aceito, até, uma data para comemorarmos, mas não uma data para que me respeitem. Eu quero um dia das mulheres sem fim, que comece hoje e termine nunca!</span><br />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixrGG1gnYc92Q8U1Ela-urjMA43aNCbjYcAKNIyJr34QF2uRRZPN6Gg45GjSOG1x-TFZwszmG3JCbn9Xbrb9HpJp1VQ8IbZHxAuGc4VOTbiqIMkewXRqawZYlZb13rOLhhPrOV5yCyPRho/s1600/CAM00059.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixrGG1gnYc92Q8U1Ela-urjMA43aNCbjYcAKNIyJr34QF2uRRZPN6Gg45GjSOG1x-TFZwszmG3JCbn9Xbrb9HpJp1VQ8IbZHxAuGc4VOTbiqIMkewXRqawZYlZb13rOLhhPrOV5yCyPRho/s400/CAM00059.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: center;">
<i style="margin: 0px; padding: 0px;">Cartaz em homenagem ao dia das mulheres nas paredes da UFF</i></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: center;">
<i style="margin: 0px; padding: 0px;"><br style="margin: 0px; padding: 0px;" /></i></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px;">
Há quem leve a namorada em um restaurante caro para comemorar o dia das mulheres. Outros compram flores para as amigas, colegas de trabalho e professoras. Alguns ainda perdem o tempo fazendo piadas sem graça e machistas em redes sociais e mesas de bar. </div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px;">
Eu, mulher, não quero um restaurante caro, uma rosa, uma piada. Eu, mulher, não quero um dia para mim. Esse dia é para as outras. É para as mulheres que morreram lutando por suas vontades, que foram mortas naquela fábrica. O dia das mulheres não é para a mídia falar que "fazemos as unhas e a diferença". Não é para ficar ouvindo que "os outros dias são dos homens". </div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px;">
Eu, mulher, quero respeito no dia das mulheres, mas também quero respeito em todos os outros dias. Eu, mulher, não quero ser lembrada e enxergada somente no "meu" dia. Não quero que doem esse dia a mim. Afinal, o dia é posse de quem para poderem me doar dessa maneira? Sou dona dos meus próprios dias e sou sujeito deles. Sou protagonista, não figurante que ganhou um dia comemorativo. </div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px;">
Não quero ser lembrada por fazer as unhas e a diferença. Não quero ser lembrada como "costela do homem". Não quero ser lembrada como "a esposa de fulano". Eu sou além disso, mais que isso. Não sou "algo de alguém", sou toda minha. Faço parte das vidas dos outros, mas tomo conta da minha. </div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px;">
Então, que o dia das mulheres não seja de presentes e agrados. O que desejo é que no dia das mulheres não haja uma única mulher que apanhe, que não haja mulheres morrendo, mulheres sendo estupradas. Que não haja mulheres sendo podadas de trabalhar com algumas profissões. Que não haja mulheres morrendo em abortos clandestinos. Que não haja mulheres trans sendo chamadas de "ele". Que não haja preconceito e diferenciação entre mulheres cis e trans. Que não haja violência contra a mulher. Que não haja esteriótipos de gênero. Que não haja "sexo frágil". Eu quero que, no dia das mulheres, todas as mulheres sejam livres. Livres para trabalhar com o que quiserem, livres para usar a roupa que quiserem. Livres para entenderem que a vítima de estupro é sempre VÍTIMA! Livres para serem felizes, se divertirem. Livres para casar, livres para terem filhos. Livres para serem solteiras, livres para não terem filhos. Livres para adotar. Livres para amar. Livres para serem heterossexual, homossexual, bissexual, assexual. Livres. Livres. Livres.</div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px;">
Eu quero que esse dia das mulheres comece hoje e não termine nunca mais! </div>
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;"><br /></span>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06691930365421189725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2309631378606716047.post-66717666693454068012013-04-15T20:40:00.003-07:002013-06-22T15:23:55.917-07:00Temporada de tintas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Existe uma grande preparação por trás do vestibular. É uma dedicação completa. Não são só mais horas de estudo, como um preparo físico para enfrentar as muitas horas de prova. Tem que aprender a controlar o tempo e o nervosismo. A maior parte dos participantes do vestibular são adolescentes. Jovens com intermináveis sonhos na cabeça, com planos pra vida que está apenas começando. Não dizem que a felicidade começa na faculdade? É na faculdade que você começa a estudar o que gosta e começa a ganhar sua independência.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Então, você passa no vestibular. O curso que você tanto sonhou e em uma das maiores faculdades do país. Você vai estudar em uma universidade federal e começa a imaginar que todos os seus sonhos estão encaminhados para virarem realidade. Só que não são sonhos normais. Não são sonhos utópicos. Você mereceu que o seu nome estivesse naquela lista. Você lutou por um sonho e o conquistou. Nada foi entregue a você sem um custo.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Só que tem gente que acha que pode abusar de você pois chegou naquela universidade antes. Então, você que estudou e se esforçou para entrar na faculdade, tem que encarar um trote humilhante. Todos os anos vemos brevemente pelos noticiários a notícia de que alguma coisa deu errado em um trote. Calouros que se feriram, calouros que foram humilhados, calouros que morreram. Você, que batalhou para conseguir a matrícula na faculdade, tem que "pagar um preço" para ser aceito.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">"Você não é obrigado a participar do trote". Ok. Não é obrigado, mas é uma cultura tão forte essa de que todos os calouros devem ser submissos aos seus veteranos, que a pessoa que se nega a participar dessa "tradição" é vista como antissocial e excluída pelos seus colegas de faculdade. Quem está cursando uma faculdade sabe como é complicado seguir em frente com os estudos sem amizades. Não consigo me imaginar indo todos os dias para Niterói se não tivesse amigos.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Então, mesmo que ninguém pegue o calouro pelo braço (embora eu ache que isso aconteça às vezes) e o obrigue a participar do trote, não quer dizer que o trote seja facultativo.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">E como agora começou a temporada das tintas, o tempo do medo começa igualmente. Posso garantir que as garotas que foram aprovadas na USP de São Carlos não sabiam o que as esperavam quando acordaram para o primeiro dia de aula na faculdade. Elas não acordaram naquele dia e resolveram que iriam ser "bixetes" e iriam sorrir para todas as humilhações que estavam prontas para sofrer. Ninguém está pronto para isso. E quando um grupo de mulheres vai protestar em prol dessas meninas, são agredidas por um grupo de jovens que se acham melhor do que os outros por que entraram na faculdade antes, por que são veteranos.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Eu não acho que a solução seja proibir o trote. Os crimes cometidos nesses trotes já são proibidos e isso não impediu que fossem cometidos. Matar, torturar, ferir. É tudo crime, tudo proibido e mesmo assim continua a acontecer durante os trotes. O que deve ser feito é uma punição mais severa para esses todo-poderosos-veteranos. Os garotos que ficaram pelados e agrediram as protestantes feministas, os veteranos que causaram a morte do calouro de medicina há alguns anos e todos os que apoiam e fazem parte desse tipo de "iniciação" na faculdade devem ser punidos. Devem responder por tais atos perante a lei e essa lei deve ser cumprida. Só quando o trote humilhante, perigoso e violento for devidamente punido é que vai haver conscientização.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">A questão é que existe essa cultura que diz que quem está há mais tempo na faculdade tem todo o direito de maltratar os novatos. Há essa cultura de que eles podem fazer o que fazem, então eles não se vêem como errados. Eles não se enxergam como os criminosos que são. O que precisa mudar é essa ideia de que o trote não é obrigatório e as pessoas só são humilhadas, machucadas e mortas por que permitiram serem tratadas dessa maneira. Há uma pressão para que você participe do trote e um medo de dizer que não quer fazer tal coisa.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Não temos que culpar as meninas que desfilam como "bixetes" e tiram as roupas e depois ficam reclamando que foram humilhadas. Elas foram humilhadas, não há o que discutir. Nomeá-las "bixetes" já é humilhá-las, rebaixá-las. O que deve ser feito é transformar essa cultura dos trotes. Não tenho nada contra a parte do trote de se pintar e ir pegar dinheiro para a festa. Sou contra a parte da cota que faz com que os calouros tenham muitas vezes que pegar dinheiro do próprio bolso para bancar uma chopada.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Eu tive a sorte de ter um trote consciente. Meus veteranos só pintaram quem queria ser pintado, nós só respondemos as perguntas que queríamos responder. Não há pressão alguma com quem não quis participar da brincadeira feita no primeiro dia de aula.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Eu sou contra o trote que aconteceu na USP de São Carlos esse ano.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Eu sou contra o trote que humilha, maltrata, machuca e mata.</span>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06691930365421189725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2309631378606716047.post-68396235287788030132013-04-15T20:39:00.002-07:002013-06-22T15:24:10.971-07:00Eu sou Eliza Samudio<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Finalmente começou o julgamento do Bruno. Bem, pra começar a falar sobre o assunto, não irei me referir a ele como "goleiro Bruno" ou "Bruno do Flamengo". Não foi o time de futebol que cometeu o crime ou a profissão dele que o incentivou a realizar tal ato. Foi ele. Bruno Fernandes de Souza. Não essa imagem que a mídia criou, não esse excelente atleta que os fãs fazem questão de lembrar. Quando alguém rouba, ninguém está ligando se esse ladrão é um ótimo artesão. Quando alguém mata, ninguém está ligando se essa pessoa tem uma voz de anjo. Então, por que nesse caso as pessoas estão adorando separar o Bruno-assassino do Bruno-goleiro? É a mesma pessoa e eu não consigo separar essas duas linhas.</span><br />
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Esse crime é um pouco diferente dos outros pois se trata de um grande nome do futebol brasileiro. E mesmo que não queiram aceitar, o futebol é a alienação do Brasil. Oscar Pistorius matou a esposa e todos os comentários que vi foram de indignação. Ela era linda e não merecia ter uma vida destruída dessa maneira. Ele até era um bom atleta, mas como pode realizar tal ato? Com o Bruno é diferente. Eliza Samúdio era uma prostituta, atriz pornô, não sei ao certo, só sei que era uma "mulher da vida". E Bruno? Ah, o Bruno é um grande goleiro, tem que ser solto logo para poder voltar aos campos e defender todos os gols. </div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Entendeu a diferença? </div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Tem gente enxergando a popularidade e habilidade do Bruno com o futebol maior do que o direito de vida de Eliza. E tem gente que não vê maldade nisso. Não vê problema em querer que um assassino esteja nas ruas. A questão é que essas pessoas tem a dificuldade de enxergar o Bruno como tal coisa. </div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Assassino é uma nomenclatura muito forte e, sem corpo, gera uma dificuldade de ser aceita. Some isso com a falta que o Bruno faz no futebol e você terá uma parcela das pessoas querendo sua liberdade. Deixar livre um homem que foi capaz de matar a mãe do próprio filho. Deixar livre um homem que foi capaz de acabar com a vida de uma jovem. E não, mesmo que tentem justificar, é algo sem justificativa. Não me interessa o passado de Eliza, não me interessa se ela deu o "golpe da barriga". Para ter um filho é necessário duas pessoas e o Bruno foi uma delas. Agora imagina como vai ser aterrorizante para essa criança crescer e descobrir, mais cedo ou mais tarde, que sua mãe foi assassinada pelo seu pai. E não só o filho deles, mas como qualquer criança vendo um crime desses sair impune. Alguns anos na cadeia não vão apagar o que esse homem fez. Alguns anos na cadeia não vão diminuir a dor de uma família que perdeu a filha, de um filho que perdeu a mãe. Alguns anos na cadeia não vão anular o crime que o Bruno cometeu. </div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Aqui no Brasil o crime é banalizado. Uma vida não custa nada e um assassino raramente paga pelo crime. Melhor, se me permitem, um assassino nunca paga pelo crime. O que seria necessário uma pessoa que mata a outra sofrer para pagar por isso? Eu não acredito em pena de morte, não pelos direitos humanos ou coisa parecida, mas por que matar esse assassino é impedir que ele cumpra sua sentença. Eu acredito na prisão perpétua, pois ali sim o assassino vai ter um bom tempo para pensar no que fez e rever seus conceitos. E não, eu nunca perdoaria um assassino. </div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Só que, infelizmente, não é isso que acontece no Brasil. Aqui, depois de passar vários anos esperando o julgamento, depois de recorrer de todas as formas, esse criminoso não passará mais do que 40 anos na prisão. Temos então que somar o "bom comportamento" e ele conseguirá um regime semi-aberto. Bom comportamento? Como um assassino terá bom comportamento? "Ah, ele não matou nenhum coleguinha dentro da cadeia, já pode viver novamente em sociedade". Não existe bom comportamento para quem já matou da maneira que Bruno matou. </div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Então, se vocês se vêem no direito de querer que o Bruno ganhe liberdade para voltar aos gramados e jogar o futebol, eu tenho o direito de não querer que um assassino faça parte do maior entretenimento brasileiro. Eu não quero um assassino nos campos de futebol. Eu não quero um assassino livre. Não quero mais um motivo para ter medo de andar nas ruas. Eu quero acreditar que a justiça, às vezes, funciona. E se não acontece nos casos pequenos, aqui do meu bairro ou do seu, onde um marido mata a esposa e aparece esse tal de "crime passional", que pelo menos aconteça nesses crimes que são estuprados pela mídia. Que pelo menos esses crimes que passam na televisão sejam levados à justiça. </div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
"Bruno chorou no primeiro dia de julgamento"</div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eis a manchete do jornal da noite. </div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0px; padding: 0px;" /></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Bruno chorou. Bruno está arrependido. Bruno quer voltar a jogar futebol.</div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Eu só acho que a Eliza também queria muitas coisas e uma delas era sobreviver. </div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06691930365421189725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2309631378606716047.post-85769851468006428762013-04-15T20:36:00.003-07:002013-06-22T15:24:56.576-07:00Lara Croft didn't need a reboot. Tomb Raider did.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
Em time ganhando não se meche? Então, tem gente que não anda pensando assim. <br />
<br />
Desde que Tomb Raider foi criado em 1996, Lara é um ícone no mundo dos games. Entrou no Guiness Book como a heroína mais bem sucedida no mundo dos jogos. Teve a primeira grande recaída após o fracasso que foi TR 4: The Last Revelation (matar a personagem principal não é uma coisa legal. Isso é pra você também God of War 3!). Entretanto, após uma reformulaçãodemorada dos jogos, Tomb Raider voltou ao ápice. <br />
<br />
A grande questão é que, com todos os fracassos e alguns jogos ruins, Lara Croft sempre foi a mesma. Inclusive no The Last Revelation, quando ela ainda é uma menina sendo guiada, a personalidade forte de Lara está presente, o instinto de sobrevivência e a imagem de uma mulher forte. Agora, 17 anos após o nascimento dessa heroína, querem desconstruí-la. Não somente querem, como o fizeram. Assim que o jogo "A Survive is born" for lançado, em março, irei comprar e jogar. Só que o que já vi sobre a nova Lara, me decepcionou. <br />
<br />
21 anos, perdida, fraca, inocente. Lara não é mais uma guerreira, mas uma adolescente perdida na floresta e que somente quer sobreviver. Lara que, antes, nunca precisou de ajuda, agora passará uma fase inteira procurando por alguém que possa salvá-la. A imagem de mulher forte, independente e guerreira se esvaiu. Antes, o que mais me perturbava era a ausência das características físicas e dos objetos clássicos; a trança, a mochila, as pistolas, os peitões. Agora, preocupa-me o motivo de terem retirado a minha Lara de mim (e de todos que crescemos jogando TR). <br />
<br />
A cada novo vídeo ou texto que leio sobre essa "nova" Lara Croft, sinto que simplesmente acabaram com Tomb Raider, roubaram sua história e colocaram uma garotinha qualquer para ser personagem jogável. Em que planeta uma garota daqueles iria sobreviver em uma ilha perdida? Lara sempre foi foda por ser a Lara; por ser uma mulher que poderia ser sexy, sem perder a garra. Uma mulher que poderia ser guerreira. Uma mulher que poderia ser mulher sem ser indefesa.<br />
<br />
É impossível não fazer uma comparação mental entre a Lara-criança de antigamente e essa Lara-adolescente de agora. A menina de duas tranças que se perde do guia e rouba a mochila de uma caveira era muito mais Lara do que essa garota de cabelos curtos que não sabe nem andar direito. Quiseram colocar realismo no jogo, mas o que fizeram foi retirar completamente toda a personalidade da Lara. Se antes ela já era uma personagem-objeto graças as suas roupas curtas, seios enormes e pernas torneadas, agora ela é um masturbador mental para os que querem ver a fragilidade feminina em jogo (literalmente). Usam a desculpa de que o jogo tornou-se realista, mas guardam o esteriótipo de que uma mulher como a Lara de sempre não poderia existir. Uma mulher com as feridas de Lara, seria uma guerreira. Só que, na visão desses mascus, mulher não pode ser racional o tempo inteiro. Sem a fragilidade, Lara não seria real. <br />
<br />
Tomb Raider precisava ser refeito. Precisava de gráficos melhores, enredos mais elaborados e um jogo maior. Tomb Raider precisava ser revisto, reanalisado e remontado. Lara Croft já estava pronta, não precisava de acréscimos nem débitos. Não precisavam mexer na personagem, mas sim na forma como o jogo é montado. Ao invés disso, preferiram mudar a forma como ela reage no jogo. Tiraram a minha guerreira e jogaram no lugar uma mulher que simplesmente não se encaixa no contexto. <br />
<br />
Lara não é frágil. Nunca será. Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06691930365421189725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2309631378606716047.post-15269669684190484242013-04-15T20:35:00.002-07:002013-06-22T15:25:17.527-07:00Eu sou Santa Maria<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<i style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">Embora eu sempre goste de fugir do óbvio, dessa vez serei o mais clichê possível. </i><br />
<i style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">Sempre depois das tragédias, há chuva de palavras. </i><br />
<i style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">Então, </i><br />
<i style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">Essas são as minhas. </i><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Logo após o incêndio da boate Kiss, comecei a ler alguns textos sobre o desastre. São textos cheios de revolta e isso acalma um pouco o meu coração. Saber que a dor do outro ainda pode doer em nós é a forma mais significativa de saber que estamos vivos e que ainda vale a pena viver. A grande questão que me preocupou são as pessoas fazendo piadas. Entretanto, não somente isso; preocupa-me também aqueles que falam mal dos que fazem piada.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Certa vez li que a morte é uma piada pronta (não me crucifiquem, adoro os textos do Pedro Bial). Outra vez, li que piada é tragédia + tempo. Sempre concordei com a frase de Bial, mas não somente com a frase como com o texto todo. Lá ele explica que você programa não somente uma vida, algo tão grandioso, metas tão longas, mas também planeja o dia-a-dia mais cinza que possa existir. Nem que seu maior objetivo seja conseguir almoçar antes das oito da noite, é um objetivo. Então, você morre. Sem a melhor parte da festa e deixando todos os objetivos de lado, largados, abandonados, esquecidos, apagando-se.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Chega, então, a questão de que a piada é uma conta matemática. Uma soma entre tragédia e tempo. A tragédia seria a parte negra do humor, tão aplaudido e adorado. O tempo seria aquele espaço entre o xingamento e a risada. Hoje eu entendi que isso é realmente verdade.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Não gosto de piadas com tragédia, homofobia, machismo, racismo. Já escutei críticas de que, então, eu não gostava de rir. Muito pelo contrário. Eu amo rir, cair na gargalhada, perder o ar. Adoro sentar com os meus amigos e ficar ouvindo besteira, rindo um da cara do outro. Mas não consigo fazer o mesmo quando estou sentada na frente de um computador vendo piadas preconceituosas e completamente sem escrúpulos.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Hoje de manhã, enquanto me arrumava para ir pra faculdade e passeava pelo facebook, vi uma postagem de uma foto em que tinha diversos "tipos" de xadrez. O último era o xadrez do norte americano; sem as torres. A pessoa que compartilhou (ou postou, não lembro) aquela foto era a mesma que criticava os que ficavam fazendo comentários de que gaúcho adora churrasco. Quer dizer que pisar na dor das famílias dos jovens da boate Kiss não pode, mas pisar na dor das família do atentado do 11 de Setembro pode? Foi então que entendi que a piada é realmente a matemática tragédia+tempo.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Daqui a alguns dias, ou meses, se ainda lembrarem que ocorreu um incêndio grandioso e que centenas de jovens que estavam apenas começando a vida morreram, farão piadas sobre isso e ninguém virá com trinta pedras na mão. "Ah, agora pode, o luto passou". A grande questão, na minha opinião, é que o luto não passa. Não é uma doença que pode ser medicada e ela vai embora para nunca mais voltar. O luto, se comparado com uma doença, é a depressão. Uma vez na fossa, não há como sair. Há como dar uma observada na superfície, mas algo sempre vai te puxar para as profundezas. É escurinho, tão aconchegante... Então, alguém, que você mal conhece (ou não conhece), com tempo livre de sobra, uma vontade de fazer piada sobre tudo, começa a caçoar do motivo da sua dor. Não para te ofender, mas para não perder a piada.</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">Então, me preocupa não somente quem faz a piada e quem ri da mesma, mas quem a critica dois dias depois da tragédia. Sobre meu coleguinha que compartilhou a piada e não viu mal algum, será que ele aceitaria a mesma piada no final de 2001? Pra mim, a piada é horrível em qualquer época. Pisar em alguém para fazer os outros rirem, simplesmente não tem graça. Comediante que usa esse tipo de humor para se promover, não merece o seu aplauso ou a sua risada. Não merece seu ibope e o seu dinheiro. Merece nosso desprezo. Merece nossa pena. Afinal, que valor terá a vida para alguém que ri da morte de terceiros?</span><br />
<br style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;" />
<span style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; text-align: justify;">E, para terminar, não me venham com aquela frase de que "É só uma piada"; "Piada sempre ofende alguém". Se nós temos limites, se nós não podemos sair ofendendo todo mundo, então a piada também não pode. A piada não é carta branca para poder falar o que quiser. Chego a achar meio doentio quem gargalha verdadeiramente desse tipo de piada. Chego a ter medo de quem entende a gravidade da situação, entende do que a piada fala e mesmo assim ri. Pessoas assim me assustam.</span><br />
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<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: right;">
<i style="margin: 0px; padding: 0px;">Podemos ficar calmos.</i></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: right;">
<i style="margin: 0px; padding: 0px;">Em breve o "luto nacional" passa .</i></div>
<div style="background-color: white; color: #534d4d; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.890625px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: right;">
<i style="margin: 0px; padding: 0px;">(Dedico a todos que se sentem ofendidos por piadas)</i></div>
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