Não teremos pau no cardápio hoj

domingo, 28 de abril de 2013
Agora eu vou colocar minha voz na mesa.

Já fazia um bom tempo que eu não escutava alguém falar que feministas são mulheres que querem agir como homens. Até hoje. E hoje, esse comentário teve outro efeito em mim. Logo me veio no pensamento a expressão: Colocar o pau na mesa. Só que hoje, nenhum pau, nenhuma boceta, nenhum peito será servido. 

Eu, mulher, sou firme na minha posição, sou firme na minha voz e tenho convicção dos meus pensamentos: Calem a boca que ela está colocando o pau na mesa. Não, não estou. Eu, mulher cis, não tenho e nunca tive um pau para pôr sobre a mesa. Minha opinião não é formada pelo meu órgão genital, então não é ele que tem que ter voz. 

A questão é que eu não sou homem - e não o quero ser. Eu nasci com genitália feminina e com identidade de gênero feminina. Isso é parte de mim e é parte da qual não abro mão. Entretanto, isso não me define e muito menos me limita. Nascer mulher não é um defeito, um azar ou uma condenação. Assim como nascer homem não é uma dádiva. Nascemos humanos e o que deve ser levado em consideração é a maneira como seguimos nossas vidas. 

A luta que sigo, todos os dias, é a luta pelo feminismo. A luta por uma sociedade sem o machismo, a homofobia, o racismo, o sexismo, o cissexismo, a transfobia e todas as formas de violência, agressão e preconceito. Eu quero uma sociedade que enxergue o homem, a mulher e todas as outras representações de gênero de maneira igual. E isso não quer dizer que eu, mulher, queira ser tratada como homem. Sou mulher e isso não é uma vergonha, não é algo que eu queira mudar. Eu quero ser tratada como mulher, mas antes disso quero que a mulher seja tratada com igualdade. 

Hoje, eu não colocarei meu pau na mesa, nem minha boceta, nem meus peitos. Hoje, colocarei minha voz. 



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